sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

É mais fácil esconder a tentativa
do que falar sobre ela.
Hoje me deu um medo de morrer
Porque me sinto já muito longe de todas as coisas
como se eu nada alcançasse
e nada me tocasse de volta.
Isso já é estar morto
nas memórias das outras pessoas,
E na minha própria memória.
Uma grande história de vida é também uma obra de arte
a pintura que passo no rosto ou nos cabelos
minha opção de roupa toda manhã
faz aquilo que sou
e o que fazem de mim.
Eu sou minha obra.
Meu corpo é ferramenta
minha dor, o meu choro, os meus ferimentos
nada é em vão.
Eu sou a arte.
Acho que é isso que se sente na catarse. Estou quebrada. Sinto fé na humanidade, sinto vontade de bater a porta de casa e sair por ruas pra ver gentes e cheiros e sensações que me foram privadas. Eu sinto que posso viver como quiser, respirar fundo e seguir em frente. E isso me dói. Estou limpa, de novo. Amanhã não como. O jejum é bom, dizem. Vestirei preto. Pintarei a boca. Pentearei o cabelo de um jeito novo. Com a cara de choro, essa mesma cara que não engana ninguém. Um ator não mente. Ele age. Os atos devem ser verdadeiros.
Não faço parte da minha própria família, nem da família dele. Estou perdida no meio de sobrenomes que possuo e que não. Só a assinatura me dá garantia. Mas não sou bem aceita em nenhum logradouro.