quinta-feira, 28 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Um molde de gesso no chão. Em cacos. O caos é parte do cosmo também. Agir em branco. Pensar em nada. Investigo o limite, a zona de confronto, os trópicos que cruzam meu corpo. Bato o dedo na quina, ando na ponta dos pés, todo gesto é exagero. Se me desenho ou escrevo é porque eu também sou tecido. Hematomas e ferimentos não são nada mais do que pinturas. Pele-tela, corpo-papel. Meu corpo de mulher no chão. Em cacos. O cosmo é parte do caos também.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Noção de espaço. Distância - Deslocamento. Eu ocupo. Corpo-ferramenta. Corpo-sentido. Percepção. Mexer o osso esquecido, o osso que nem se sabia possuir. Não seguir a linha reta não significa ter vida torta. Paisagem. Passo. Inventar modos de andar, correr sem motivo, parar apenas pra olhar o nada - o tudo - o qualquer. Parar. Seguir. Caminhos diferentes. Fazer do corpo concreto. Vice-versa. Cidade organismo. Meu corpo é feito de ruas e avenidas. Meu corpo é feito de estímulo e passagem, rotina e construção. Sinal fechado. A última consequência é só a primeira. Entrada - saída. Direção, sentido. Estar presente é corpo coração e músculos. Presente de pele, osso e diafragma. Presente com o todo (que é nada). Ou com o nada (que é todo). Há nesse vazio de mim uma certa completude. Vazio-cheio. Ultrapasso a linha. Transbordo. Tudo é ponto e intersecção, tudo é somar ou subtrair. Deslocamento. Unidade de medida pode ser cabelo, unha, respiração. O corpo tem o peso de uma ideia, de uma pluma, um coração.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
As costelas, as costelas, os ossos do quadril. Notar que tenho articulações e músculos e que consigo estalar o pescoço. Reparar que pisco, que minha caixa torácica se move estranha quando respiro. Tenho a mania de andar com as mãos nos bolsos. Se uso uma blusa que não os possui, não sei o que fazer com as mãos. Deixá-las largadas ao lado do corpo não me parece natural. As vezes ando torto, erro o passo. Passei dezenove anos sem sentir a cidade. Nunca abracei uma árvore. Nunca fui de falar com estranhos, dar bom dia, puxar papo. Não me permiti aventuras por ruas que não conheço. Meu trajeto todo é programado. Nenhum passo a mais, nem a menos. Ando sem me perceber corpo. Um automatismo que achava natural. Eu ando porque eu ando. Nenhum músculo, nenhum pé ante pé, nenhum método me vem até a cabeça. Quando foi que eu comecei a andar sem perceber que andava? Quantas pessoas deixei passar sem que desse ao menos um olhar no rosto? Faixa de pedestre, lixo na calçada, olhar pra baixo, olhar pra baixo. Exercício difícil mover a cabeça pra cima. Perto - longe - distante demais. O céu é cinza o céu tem seus próprios trópicos - fios que formam desenhos, bolas de lã, ideias confusas. A textura das paredes das casas, o embaçar dos vidros na chuva, inventar meus métodos de caminhada. Andar na contramão, no contrafluxo, ser apenas do contra. Chorar numa esquina, sentar na escada de uma casa qualquer, parar o próprio tempo pra vê-lo passar nos outros. As vidas que eu podia ter, as vidas que eu queria ter, as vidas. Relatividade. Afeto. Relação. Atividade.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
A comida que sai da minha boca, forçada, é afeto - a psicóloga me disse. Os dedos na garganta expelem toda a simbologia do alimento: O jantar dos amantes, o leite que jorra do peito da mãe, a comida de vó.
Mastigar, engolir, repelir.
Sem tempo de ser absorvido, jogo-o para fora, em direção ao ralo, culpada e mais leve. Há no ato de comer algo que me dá ânsia. Eu mesma não me acostumei a aceitar carícia - como bicho selvagem. Conto calorias como conto amigos. Me vejo melhor sem nada no estômago.
Talvez porque eu pense que estou desaparecendo.
Mastigar, engolir, repelir.
Sem tempo de ser absorvido, jogo-o para fora, em direção ao ralo, culpada e mais leve. Há no ato de comer algo que me dá ânsia. Eu mesma não me acostumei a aceitar carícia - como bicho selvagem. Conto calorias como conto amigos. Me vejo melhor sem nada no estômago.
Talvez porque eu pense que estou desaparecendo.
Estrangeira no corpo, no próprio domínio
Falar sem som, gritar sem palavra
Criaram as cidades para demonstrar o tédio
Não sentir o sangue, o peso
O meu peso eu não sinto.
Insustentável leveza poetizar o mundo.
Modos de pensar são diferentes.
É minha função ser vista. Entrada saída-peso-leveza-direções-extremos.
Meu grito finalmente saiu.
O corpo é usado como ferramenta. Não era eu.
O pano me sufocando o grito o pranto a ajuda mútua
PERFORMANCE é só um instante
Depois se quebra, a vida volta.
Recolher cigarros mentir, agir como quem fui ou queria ser. Vida dupla.
O ato maior pra toda criação é ter fome.
Eu consigo fugir de mim e ser eu mesma de modo mais verdadeiro que o habitual. A investigação dos meus limites, meus compassos, minhas articulações.
Eu sou feita de poros e músculos e atos que nem desconfiava.Meu cheiro e minha memória também ficaram pelas ruas.
Mergulho no abismo de mim mesma, escancaro a peste como se escancara a boca.
Não comer desde as 11 horas. Ainda assim, a dor não incomoda.
RITUAL.
Levar ao extremo atos do cotidiano - Levantar as mãos escolher arroz deixar-se guiar por instinto sentir a textura do mundo.
De mim
Do outro.
Contar a pulsação por uma hora um dia. Uma vida.
Todo ato simples carrega o infinito em si. Todo papel cigarro faixa de pedestre tique nervoso jeito de andar conta algo de alguém.
E meu espelho é a cidade.
Falar sem som, gritar sem palavra
Criaram as cidades para demonstrar o tédio
Não sentir o sangue, o peso
O meu peso eu não sinto.
Insustentável leveza poetizar o mundo.
Modos de pensar são diferentes.
É minha função ser vista. Entrada saída-peso-leveza-direções-extremos.
Meu grito finalmente saiu.
O corpo é usado como ferramenta. Não era eu.
O pano me sufocando o grito o pranto a ajuda mútua
PERFORMANCE é só um instante
Depois se quebra, a vida volta.
Recolher cigarros mentir, agir como quem fui ou queria ser. Vida dupla.
O ato maior pra toda criação é ter fome.
Eu consigo fugir de mim e ser eu mesma de modo mais verdadeiro que o habitual. A investigação dos meus limites, meus compassos, minhas articulações.
Eu sou feita de poros e músculos e atos que nem desconfiava.Meu cheiro e minha memória também ficaram pelas ruas.
Mergulho no abismo de mim mesma, escancaro a peste como se escancara a boca.
Não comer desde as 11 horas. Ainda assim, a dor não incomoda.
RITUAL.
Levar ao extremo atos do cotidiano - Levantar as mãos escolher arroz deixar-se guiar por instinto sentir a textura do mundo.
De mim
Do outro.
Contar a pulsação por uma hora um dia. Uma vida.
Todo ato simples carrega o infinito em si. Todo papel cigarro faixa de pedestre tique nervoso jeito de andar conta algo de alguém.
E meu espelho é a cidade.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
sábado, 7 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
A construção dos escritórios de psiquiatras e psicólogos é uma farsa. Os lenços de papel estrategicamente colocados perto da cadeira - para os de choro fácil, balas, música clássica. O incenso que ela acendeu quando entrei era insuportável. Seus móveis perfeitos, seu tapete perfeito, sua prateleira recheada de livros que provavelmente não leu. Fotos da família, canetas diversas, papéis. As orquídeas falsas do vaso balançavam enquanto ela escrevia meu diagnóstico no papel, sem ao menos perceber que eu estava tendo uma crise de ansiedade ali mesmo, atrás dela. Meus olhos varreram a sala em três segundos, minhas mãos queriam quebrar alguma coisa, eu sufocava, esquecendo como se respira, achando-a detestável com seus cabelos e roupa e jóias impecáveis. CID 10 F41.2 - Eis como sou conhecida.
O relógio tem um tique-taque irritante.Não gosto quando olham sempre para as horas. Eu sou o tempo falando na cadeira sobre coisas que ninguém quer ouvir, a não ser que se pague. Ela escreve, escreve, escreve e por um tempo a única coisa que trocamos foi o barulho do lápis percorrendo o papel. Uma parte muito pequena de mim - é isso o que ela sabe. Talvez essa parte pequena seja a única importante. Talvez o correto seria apresentar-me como Isabel: a depressiva, com transtornos alimentares, de ansiedade e de humor.
Eu sou uma grande mentirosa. Na cadeira sorrio, finjo que está tudo bem, maravilhosamente bem, que tenho vontade de voltar a ser eu mesma (mesmo pensando que ser eu mesma significa exatamente o que sou agora. Não é questão de estar.). Não há uma única mancha na parede. Os quadros são sempre iguais nas salas. Natureza morta, paisagens. A única coisa imperfeita ali sou eu. Nada asséptica, com os cabelos sujos e a cara lavada. Ela me analisa dos pés a cabeça procurando mais motivos que confirmem o diagnóstico - Só usa cores sóbrias, o piercing, as meias rasgadas, as mãos ansiosas, o pé não para, cabelo em corte assimétrico provavelmente indica uma tentativa de chamar atenção. Alfinetes, cadeados e imitações de lâminas como pingentes - símbolos. A ausência do pai a faz mais suscetível - trauma, complexo.
A consulta acaba com a receita. Tome isso, aquilo, cuidado com os efeitos colaterais, daqui a um mês você volta. Afirmo com a cabeça, enquanto Brahms toca, as flores falsas ainda balançam e o incenso vagabundo me dá ânsia.
O relógio tem um tique-taque irritante.Não gosto quando olham sempre para as horas. Eu sou o tempo falando na cadeira sobre coisas que ninguém quer ouvir, a não ser que se pague. Ela escreve, escreve, escreve e por um tempo a única coisa que trocamos foi o barulho do lápis percorrendo o papel. Uma parte muito pequena de mim - é isso o que ela sabe. Talvez essa parte pequena seja a única importante. Talvez o correto seria apresentar-me como Isabel: a depressiva, com transtornos alimentares, de ansiedade e de humor.
Eu sou uma grande mentirosa. Na cadeira sorrio, finjo que está tudo bem, maravilhosamente bem, que tenho vontade de voltar a ser eu mesma (mesmo pensando que ser eu mesma significa exatamente o que sou agora. Não é questão de estar.). Não há uma única mancha na parede. Os quadros são sempre iguais nas salas. Natureza morta, paisagens. A única coisa imperfeita ali sou eu. Nada asséptica, com os cabelos sujos e a cara lavada. Ela me analisa dos pés a cabeça procurando mais motivos que confirmem o diagnóstico - Só usa cores sóbrias, o piercing, as meias rasgadas, as mãos ansiosas, o pé não para, cabelo em corte assimétrico provavelmente indica uma tentativa de chamar atenção. Alfinetes, cadeados e imitações de lâminas como pingentes - símbolos. A ausência do pai a faz mais suscetível - trauma, complexo.
A consulta acaba com a receita. Tome isso, aquilo, cuidado com os efeitos colaterais, daqui a um mês você volta. Afirmo com a cabeça, enquanto Brahms toca, as flores falsas ainda balançam e o incenso vagabundo me dá ânsia.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Onde deixei? Onde me deixaram? Não me reconheço em mim. Um, dois, três, quatro. Um risco e um pedaço. O quanto sobrou de mim pra te mostrar? Me espalham por ruas que só passei uma vez.
Minha vida inteira é em cores primárias. As linhas do metrô, as paredes descascadas como as unhas. Respiro no vendaval. Nada sobra. É muito pouco. Ser muito pouco é não ser nada. O vazio me preenche, eu preencho o vazio. Nada existe. Tudo desaparece. Amor é viagem. Viajo porque preciso - mas não sei se volto.
Minha vida inteira é em cores primárias. As linhas do metrô, as paredes descascadas como as unhas. Respiro no vendaval. Nada sobra. É muito pouco. Ser muito pouco é não ser nada. O vazio me preenche, eu preencho o vazio. Nada existe. Tudo desaparece. Amor é viagem. Viajo porque preciso - mas não sei se volto.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
De avental manchado de tinta me sinto orgulhosa. Mentira. Me sinto um fracasso. Verdade. Eu lembro que tenho marcas horríveis nas costas. Diria que foram causadas por mim mesma. Não foram. As unhas foram mero instrumento de um plano maior, mais antigo talvez que o próprio mundo.
Meus cabelos estão sujos, minhas mãos - manchadas com carvão que usei para escrever- sujas, também, de tudo o que já tocou em mim.
Sangue, decepção, dor e sal - sal, como mar morto construído por lágrimas e suor. Não consigo pensar em nada que não seja farsa. Palavras como amor sexo saudade sonho jorram com rapidez absurda pelos dedos numa verborragia falha.
Só é conceito. E já estava assim, antes mesmo que eu e você existíssemos.
Tudo fodido.
Se pudesse lamber as faces de toda essa gente, toda palavra, todo sentimento, tudo teria o mesmo sabor: vazio.
Precisamos criar símbolos mesmo para o que julgamos inexistente.
∅
Ilusório, teatral.
Comecei já a lamber peles e poros. O primeiro gosto foi o meu - como boa exemplar de minha espécie considero que tudo começa e termina em mim.
Os dedos, o céu da boca, os cabelos (esses, sujos), as pernas machucadas, o sexo, os músculos, os ossos. O mesmo gosto. Vazio.
Por isso não me importa - e é bem nítido agora, como verdade que sempre foi presente e no fundo se sabe mas se revira os olhos para não ver - se lavo o cabelo, se paro de cortar as unhas, se deixo pelos e suores que me são naturais mas me ensinaram a agir como se não. Porque cada célula, glândula, secreção, cravo, todas as mentiras que tomo em drágeas prometendo me curar de laudos e laudos que julgam minha cabeça errada, tudo isso é nada.
Vem como tapa a resolução de que essas cápsulas da felicidade, libido, capazes de corrigir até a mais fodida ligação do cérebro, consertar o que você era (E o que eu era, doutor?), fazer voltar essa alegria-de-viver, a vontade de levantar da cama e ver que-dia-bonito-faz-lá-fora, de mudar de vida, fixar nos neurônios esse pensamento de que vale a pena continuar vivendo porque tem-tanta-coisa-bonita-pra-se-ver...
Isso tudo - e que me desculpem os tantos psicólogos e psiquiatras e amigos que me dizem o contrário - também, é nada.
Não sou eu que mudo de vida. Ela que parece se mudar de mim.
Sou pele morta. Sou ecdise. A casca seca que fica.
O membro mais fraco do grupo é sempre deixado para trás. O acaso não é, se não, a falta de acontecimento.
A-caso.
E mesmo sabendo tudo isso, percebendo com feição de horror que tudo é não pertencente a tudo e nada, o que se pode fazer se não continuar pertencendo e existindo na ordem das coisas que não existem e que, por isso mesmo, são deixadas para trás?
Meus cabelos estão sujos, minhas mãos - manchadas com carvão que usei para escrever- sujas, também, de tudo o que já tocou em mim.
Sangue, decepção, dor e sal - sal, como mar morto construído por lágrimas e suor. Não consigo pensar em nada que não seja farsa. Palavras como amor sexo saudade sonho jorram com rapidez absurda pelos dedos numa verborragia falha.
Só é conceito. E já estava assim, antes mesmo que eu e você existíssemos.
Tudo fodido.
Se pudesse lamber as faces de toda essa gente, toda palavra, todo sentimento, tudo teria o mesmo sabor: vazio.
Precisamos criar símbolos mesmo para o que julgamos inexistente.
∅
Ilusório, teatral.
Comecei já a lamber peles e poros. O primeiro gosto foi o meu - como boa exemplar de minha espécie considero que tudo começa e termina em mim.
Os dedos, o céu da boca, os cabelos (esses, sujos), as pernas machucadas, o sexo, os músculos, os ossos. O mesmo gosto. Vazio.
Por isso não me importa - e é bem nítido agora, como verdade que sempre foi presente e no fundo se sabe mas se revira os olhos para não ver - se lavo o cabelo, se paro de cortar as unhas, se deixo pelos e suores que me são naturais mas me ensinaram a agir como se não. Porque cada célula, glândula, secreção, cravo, todas as mentiras que tomo em drágeas prometendo me curar de laudos e laudos que julgam minha cabeça errada, tudo isso é nada.
Vem como tapa a resolução de que essas cápsulas da felicidade, libido, capazes de corrigir até a mais fodida ligação do cérebro, consertar o que você era (E o que eu era, doutor?), fazer voltar essa alegria-de-viver, a vontade de levantar da cama e ver que-dia-bonito-faz-lá-fora, de mudar de vida, fixar nos neurônios esse pensamento de que vale a pena continuar vivendo porque tem-tanta-coisa-bonita-pra-se-ver...
Isso tudo - e que me desculpem os tantos psicólogos e psiquiatras e amigos que me dizem o contrário - também, é nada.
Não sou eu que mudo de vida. Ela que parece se mudar de mim.
Sou pele morta. Sou ecdise. A casca seca que fica.
O membro mais fraco do grupo é sempre deixado para trás. O acaso não é, se não, a falta de acontecimento.
A-caso.
E mesmo sabendo tudo isso, percebendo com feição de horror que tudo é não pertencente a tudo e nada, o que se pode fazer se não continuar pertencendo e existindo na ordem das coisas que não existem e que, por isso mesmo, são deixadas para trás?
terça-feira, 16 de julho de 2013
sexta-feira, 12 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
sexta-feira, 31 de maio de 2013
sexta-feira, 24 de maio de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Dois dramin um rivotril um prozac. Contagem regressiva para a melhor noite da vida. Três, quatro, cinco goles no vinho, a mente ficando página em branco. Movimento lento, tontura. Me deito e abraço as próprias pernas. Coberta da cabeça aos pés com a manta. Sinto sempre frio. A luz do pisca-pisca branco vai iluminando o quarto. Conta até dez, antes de virar a cartela. Eu quero pensar, espera. Mas desapareço.
O rosto é indiferente. Uma mancha preta no espelho, um borrão passando na rua. Devíamos usar menos preto ou cinza. Devíamos parar de camuflagem, de noites regadas à álcool e cigarros. A mancha do vinho barato no seu lençol, o cheiro de suor e sangue e lágrima e nós dois jogados no chão esperando por um sinal de que estamos mortos - ou vivos. A minha mão ficou marcada na parede do seu quarto e os papéis que escrevemos sob efeito de ácido ainda jazem amassados em algum canto. O poder nunca nos levou a lugar algum. Acreditávamos em tanta coisa e mesmo assim nos perdemos no caminho. Eu não sou memória mas nem aprendi a ser esquecimento e solidão. Que tudo seu seja marca como queimadura.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Pés na ponta e pouca vergonha. Deixa eu te marcar, como a louca que sou. Minhas veias inflamam, deixa eu usar minha língua e os dentes, todos os dentes. A boca escancarada como ferida aberta. Põe o doce debaixo da minha língua e deixa o Hendrix foder a guitarra. Você fica com cores bonitas pra cacete, assim. Deixa eu te ver mais de perto, esse caleidoscópio todo. Eu poderia te pintar se quisesse. A impressão que fica debaixo das pálpebras, cerradas. I want it harder, make it hurt. Eu grito e danço de pés descalços. Fica ai, fica ai, tá batendo a luz da lua no teu corpo. É boa a sensação de te ter pulsando, vivo e inteiro. Me beija. Artaud é nosso deus. Vem. Toda loucura tem que ser vista. Os filhos famintos de Baco querem um banquete do caralho hoje. Eis o meu sangue, eis o meu corpo. Você cospe na minha boca e se alimenta em mim. A seiva que sai de você é doce. Brutal, brutal, suor nos lençóis, o riso louco, o riso, fumaça, fumaça e o líquido vertendo do canto da boca.
Somos os dois fodidos. E todos ao redor sabem que há algo de extraordinário nisso. Lindos. As jaquetas de couro surradas e o jeito de quem já não se importa com nada. Há algo nele de perigoso. Talvez eu tenha também. Essa maneira como ele maneja o cigarro e bebe do copo olhando pra mim. É um jogo sem regras. Ele puxa a parte de baixo do meu collant com violência e imprime seus dedos em todo pedaço de pele. A vontade de criar algo é a mesma de trepar sem parar. Vem do intestino, das pernas. Da minha vida faço sempre um ritual para Baco. Agora vem, brinda comigo, que hoje eu quero foder o universo inteiro.
Me machuca, eu quero que você me machuque aqui e agora. Nesse bar, no mesmo canto que escolhemos da última vez. Os seus dedos cheiram a Marlboro. É forte, eu gosto. Me marca. Quero suas impressões em cada pedacinho de pele, que você faz questão de descobrir, em todos os sentidos. Não importa se tem gente passando. Aperta minha coxa, me puxa pelos ossos da cintura, você sempre diz que eu sou tão branquinha, me dá um pouco de vermelho. Eu sempre gostei de um hematoma. Vai, me faz sentir alguma coisa. Coloca sua mão na minha garganta e aperta. Você sabe e eu sei que somos extremos. Esse ritual é nosso. Põe mais cerveja pra mim, acende o meu cigarro com o seu cigarro. Faz tua língua dançar na minha boca como serpente. E me enche, até transbordar, que eu quero morrer desse teu veneno.
Embriagados não se sabe ao certo se por bebida ou desejo. O hálito de cerveja e cigarro é excitante. Não te quero em doses homeopáticas, meu bem. Quero te engolir em bocadas violentas. Te sorvo de uma única vez, como esse copo que você acabou de encher, entre uma tragada e outra, enquanto alisa minhas coxas.
sábado, 13 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
sábado, 30 de março de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Acho que é isso que se sente na catarse. Estou quebrada. Sinto fé na humanidade, sinto vontade de bater a porta de casa e sair por ruas pra ver gentes e cheiros e sensações que me foram privadas. Eu sinto que posso viver como quiser, respirar fundo e seguir em frente. E isso me dói. Estou limpa, de novo. Amanhã não como. O jejum é bom, dizem. Vestirei preto. Pintarei a boca. Pentearei o cabelo de um jeito novo. Com a cara de choro, essa mesma cara que não engana ninguém. Um ator não mente. Ele age.
Os atos devem ser verdadeiros.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
O siso é meu dente-autorretrato. Passei longo tempo com dentistas me dizendo que eu não o possuia. E a gente aprende a acreditar nos tais do jaleco branco. Por anos acreditei que passaria os dias sem o tal dente do juízo. Aos dezoito, o incômodo não só dos hábitos ou das zonas de conforto mas da dor de dente surgiu. O siso, ou o juízo, bateu no dente do lado, avisando presença. Não quis aparecer. Inteiro, totalmente formado e bonito, bonito como todo dente ou coisa de origem, antes que eu toque com minhas mãos, e deitado, como que sem força ou não se achando capaz de mostrar-se do lado de fora da minha gengiva. Assim como eu. Sem espaço, na boca, se espremeu como pôde.
Deitado, formado e com medo de sair pra ser julgado torto, mal sabe ele que, pelas suas escolhas e por quase atingir meus nervos, vai ser retirado. Pelo menos, pretendo guardá-lo. Já eu, não sei se teria a mesma sorte. O destino de alguns deve ser mesmo permanecer escondido. E dois corpos não ocupam a mesma sina.
Deitado, formado e com medo de sair pra ser julgado torto, mal sabe ele que, pelas suas escolhas e por quase atingir meus nervos, vai ser retirado. Pelo menos, pretendo guardá-lo. Já eu, não sei se teria a mesma sorte. O destino de alguns deve ser mesmo permanecer escondido. E dois corpos não ocupam a mesma sina.
Colocar a mão pra fora da janela
no carro em movimento
Os dedos cambaleando no ar
tão rápido que a mão vai para trás
E os cabelos vão todos pro rosto.
Há sempre uma mecha sorrateira
que gruda nos lábios de batom vermelho.
Colocar a mão e a cabeça pra fora da janela aberta
à noite, no carro em movimento.
Enquanto todo o resto está inerte.
Ver os outros rostos protegidos por trás de vidros
aquecidos pelo ar condicionado.
Condicionado, como tudo fora dos veículos, também é.
no carro em movimento
Os dedos cambaleando no ar
tão rápido que a mão vai para trás
E os cabelos vão todos pro rosto.
Há sempre uma mecha sorrateira
que gruda nos lábios de batom vermelho.
Colocar a mão e a cabeça pra fora da janela aberta
à noite, no carro em movimento.
Enquanto todo o resto está inerte.
Ver os outros rostos protegidos por trás de vidros
aquecidos pelo ar condicionado.
Condicionado, como tudo fora dos veículos, também é.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Prestar atenção no barulho da água caindo nas costas
Na unha encostando de leve o azulejo
A palma da mão que toca o registro do chuveiro, frio.
Eu me sei viva.
Eu sei que não preciso de muito.
Olhar nos olhos de alguém
Absorver o que a pessoa lhe dá
Um sorriso, uma mão no peito, uma lágrima.
Estar à deriva
recebendo estímulo de todos os lados
Eu marco as pessoas
as pessoas me marcam.
Na unha encostando de leve o azulejo
A palma da mão que toca o registro do chuveiro, frio.
Eu me sei viva.
Eu sei que não preciso de muito.
Olhar nos olhos de alguém
Absorver o que a pessoa lhe dá
Um sorriso, uma mão no peito, uma lágrima.
Estar à deriva
recebendo estímulo de todos os lados
Eu marco as pessoas
as pessoas me marcam.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Instabilidade
Apoio em duas pernas
não mantém meu corpo em pé
É fácil sair pra olhar pra alguém
difícil é pra olhar a si mesmo.
Fácil falar da sua vida como verdade
mas impossível falar da verdade que é sua vida.
Quão ridículo é manter um sorriso 24 horas por dia
para aqueles que se mantém por perto
só enquanto você finge ser feliz
e realizado nas suas escolhas.
Eu não quero ficar sem ninguém.
Não sou boa companhia para mim mesma.
É um exercício diário
mostrar-se satisfeito
com tudo o que ronda.
A comida sem gosto
as pessoas sem assunto
o existir sem propósito
é tudo lindo.
Ninguém quer saber
se vomito tudo o que como
se sinto um vazio no estômago
por não me alimentar a três dias.
Se não saio de casa
porque a escuridão do quarto
me satisfaz mais.
Apoio em duas pernas
não mantém meu corpo em pé
É fácil sair pra olhar pra alguém
difícil é pra olhar a si mesmo.
Fácil falar da sua vida como verdade
mas impossível falar da verdade que é sua vida.
Quão ridículo é manter um sorriso 24 horas por dia
para aqueles que se mantém por perto
só enquanto você finge ser feliz
e realizado nas suas escolhas.
Eu não quero ficar sem ninguém.
Não sou boa companhia para mim mesma.
É um exercício diário
mostrar-se satisfeito
com tudo o que ronda.
A comida sem gosto
as pessoas sem assunto
o existir sem propósito
é tudo lindo.
Ninguém quer saber
se vomito tudo o que como
se sinto um vazio no estômago
por não me alimentar a três dias.
Se não saio de casa
porque a escuridão do quarto
me satisfaz mais.
Conversar, rir, passar batom vermelho, aparentar ter cor saudável nas maçãs do rosto, pentear o cabelo. Não preocupar aqueles que nos cercam é a primeira lição que você aprende.
Tudo o que você faz tem que ser sozinho.
Tudo o que você pensa te leva pra algum lugar dentro de si que você sabe escuro.
Você só quer ir mais baixo e ver até onde vai.
É como jogar pedras em um poço e esperar o som da água.
Tudo o que você faz tem que ser sozinho.
Tudo o que você pensa te leva pra algum lugar dentro de si que você sabe escuro.
Você só quer ir mais baixo e ver até onde vai.
É como jogar pedras em um poço e esperar o som da água.
Estrangeira no meu próprio domínio.
Ficar em silêncio é minha ruína
Dentro de mim não há inércia
De próprio punho escrevo
os ossos não quebram
As unhas renascem
Os cabelos arrancados crescem
Você sempre volta ao que era antes,
aparentemente.
Por dentro, estou seca.
A asa da libélula é bonita
mas o que sobra se você a retira?
Um verme como qualquer outro
senhor das carnificinas.
Ficar em silêncio é minha ruína
Dentro de mim não há inércia
De próprio punho escrevo
os ossos não quebram
As unhas renascem
Os cabelos arrancados crescem
Você sempre volta ao que era antes,
aparentemente.
Por dentro, estou seca.
A asa da libélula é bonita
mas o que sobra se você a retira?
Um verme como qualquer outro
senhor das carnificinas.
domingo, 13 de janeiro de 2013
Autorretrato
Irritabilidade,
cansaço mental e físico,
redução de energia,
perda de interesse,
fadiga,
problemas de sono,
falta de apetite,
diminuição da autoestima e autoconfiança,
persistência de pensamentos negativos,
sentimento de culpa ou fracasso,
dificuldade de tomar decisões,
chorar sem motivo,
boca ressecada,
alterações cognitivas,
fraqueza,
apatia,
retraimento social,
prejuízo funcional significativo,
comportamento auto-destrutivo (auto-mutilação),
palpitações e tremores,
cabelos sem brilho,
unhas enfraquecidas,
boca amarga,
olheiras,
desejo de morrer.
cansaço mental e físico,
redução de energia,
perda de interesse,
fadiga,
problemas de sono,
falta de apetite,
diminuição da autoestima e autoconfiança,
persistência de pensamentos negativos,
sentimento de culpa ou fracasso,
dificuldade de tomar decisões,
chorar sem motivo,
boca ressecada,
alterações cognitivas,
fraqueza,
apatia,
retraimento social,
prejuízo funcional significativo,
comportamento auto-destrutivo (auto-mutilação),
palpitações e tremores,
cabelos sem brilho,
unhas enfraquecidas,
boca amarga,
olheiras,
desejo de morrer.
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