terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O grande mistério da roda

Você conhece? Claro que conhece, você conhece tudo. Me conhece mais do que eu mesma. E não é assim com as outras pessoas e objetos? É sim, você sabe muito bem. Não adianta negar, não agora, você sabe de todos os meus segredos e os segredos de todos os outros. Você está nessa a mais tempo que eu, está girando nisso a mais tempo. Me diga, então, qual é o sentido de tudo isso? Para que – ou por quem – acordo e me dou conta de que estou viva? Eu estou girando junto contigo, sim, não quero me separar de você numa hora dessas, mas não entendo a razão disso. Por que estou aqui girando também, como todos os outros? É uma coisa muito maluca, sabe. Me explica de uma vez por todas, mesmo que doa – e eu sei que vai doer. Arranca logo esse fiapo encravado, diz de uma vez o grande mistério. Eu preciso saber disso e só você conhece o segredo. Você sabe de tudo. Você entende. Se eu souber também, irei compreender melhor porque todos nós rodamos nisso, qual o sentido, a lógica por trás. Mas temo. Talvez esteja indo longe demais. Querendo mais do que posso ter. Mas você me conhece, você sabe que sou assim. Tenho medo de saber mais do que posso, seria uma carga muito grande e eu não aguentaria. O grande mistério. Não pode ser compartilhado com qualquer um: é o maior segredo, o começo de tudo. Provavelmente eu ficaria louca. Espalharia-o por aí, a razão da grande roda revelada para todos. Ninguém acreditaria. Eu acabaria, enfim, solitária, abandonada, com o segredo-que-tentei-revelar-mas-ninguém-ouviu. Você ainda iria compreender, claro, você compreende tudo. E os outros continuariam girando na roda. Mas o peso desse segredo é grande. Eu preciso compreender, eu quero compreender porque todos nós giramos nisso, assim, nesse movimento imutável. Deve ter algo grandioso por trás desse movimento louco. Algo... Sagrado? Sim, eu creio que sim. Eu acho que o grande segredo é forte demais. É melhor para nós, os rodantes, não sabermos. Se não, quem sabe, a roda perderia a graça e ninguém iria mais querer rodar. Afinal, tudo estaria revelado, exposto. Nós, os rodantes, precisamos ter algo para acreditar, algum mistério, você sabe. Algo que nos faça querer rodar ainda mais, descobrir os mecanismos, fazer teorias malucas. Algo dentro de mim diz que precisamos manter essa roda funcionando, assim, girando nesse ritmo para sempre. A roda não pode parar. Vou continuar rodando até quando conseguir, até quando tiver alguma coisa que valha a pena, alguma coisa que realmente me faça querer rodar. Mas temo. Eu temo. E você entende.

Sempre há algo além

O ano está chegando ao fim. 2009 vai indo e levando com ele memórias, amigos, diálogos.

Esse ano começou tão fraquinho, tão sem esperanças, tão quero-que-acabe-logo! Afinal, sucessor de 2008, não esperava nada de extraordinário. Era mais um ano, mais do mesmo, sem ele. No começo doeu muito, chorei por dias inteiros. Eu o via em todas as mesas, os cantos, as salas, as pessoas. E assim foi. A dor foi passando, sempre passa. Aos poucos fui descobrindo as surpresas que 2009 me reservou.

Aproximei-me de pessoas que não possuía tanta intimidade e também daquelas que nunca pensei que teria coisas em comum e julguei sem conhecer. Fiquei mais próxima de velhos amigos, de amigos esquecidos, colegas do ano anterior. Conheci pessoas novas que agora já não sei o que sou sem elas. Lentamente, a sombra do ano anterior me deixou. O medo e a angústia deram lugar a algo muito maior, de uma paz intensa, de um sentimento bonito.

Foi um ano onde pude compreender melhor as pessoas e um pouquinho mais de mim mesma. Aprendi a viver livre, ter um sentimento bom dentro de mim, aprendi a amar os outros sem medo e a admirar as pessoas pelo que elas são: imperfeitas. Sensações esquecidas há tempos vieram a tona. E pude me sentir criança de novo: aprendendo a andar e a viver. Era como se eu visse as coisas pela primeira vez. Parece tolo mas 2009 me fez sentir assim. Muitas coisas ainda não aprendi mas esse ano me fez abrir os olhos e ver que o mundo é bem maior do que eu jamais pensei. Isso me fez querer conhecer de tudo. Conhecer várias pessoas, modos de pensar, estilos de vida.

2009 foi um ano onde aprendi a me relacionar melhor com as pessoas, falar sem medo e olhando nos olhos e sem medo de mostrar meu ponto de vista. Fez com que eu me aproximasse de pessoas que sempre quis e descobrisse que ídolos podem ser pessoas do nosso cotidiano e não só aquele astistas que admiramos. Consegui perder meu medo e dizer o que sinto às pessoas que amo.

E conhecer e compreender coisas que nunca pensei. Perder o preconceito bobo que possuía as vezes. Encontrar um pouco do sentido para coisas que sempre procurei.

Um ano de choros, medos, desencontros e encontros, uma fé que encontrei, amigos, mudanças bruscas de humor, livros, filmes, shows, aproximações, família, brigas e palavrões, textos bobos, conversas de madrugada, conselhos, broncas, desabafos, um ano que me deixou com respostas e com mais dúvidas ainda, de sonhos, de objetivos e tantas outras coisas.

2008, para mim era um começo. 2009, quando se iniciou, se tornou o fim daquele ciclo que havia se formado, o fim da história. Eu achava que não iria possuir nada além. Apenas não fui capaz de ver que 2009 foi sim o término de um ciclo, mas para o começo de um muito maior. E que venha a continuação, que venha 2010!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um algo em crescimento

Quero me instalar em seu peito
Como um ponto minúsculo, invisível
E crescer aos poucos, como quem nada quer
No tamanho exato para ser notada
E não se poder ignorar.

Quero ser pequena, mas forte e resistente
Para passar intacta pelas suas tentativas de me apagar, porque sei que elas virão.

E então já serei parte integrante
Como se tivesse nascido contigo
E te acompanhado a vida inteira
Sem nunca antes ter sido sentida

E serei a causa dos batimentos acelerados
A causa do nervoso e das noites mal dormidas
Porque esse é meu jeito de agir.

Não causarei dúvidas, nem chegarei a ser amor
Mas serei eterna e não poderei ser esquecida
Seja em seu presente, passado ou futuro.

Giz

Rabisco seu nome com giz
No chão onde você passa
Seu nome assim, ao lado do meu
E assim dispostos, até que se apague.

Ventania

Tenho medo de perder o que possuo
Tenho medo de não ser mais o que sou
Como pétala em dia de vento
Que veio e voou.

E eu terei de largar
Tudo aquilo que eu quis
Tudo aquilo que ansiei
O que jamais pensei
Em me tornar.

Não é eterno, nada é.
Mas deixa eu pensar que é verdade
Pra não morrer de saudade
Ao pensar no que havia antes.

Chegará o tempo
Onde não lembrarei minha importância
Do rosto que eu tinha outrora,
O tanto que chorei,
A minha infância.

Tantos amores deixados pra trás
Tantas chances perdidas
Coisas que não serei nunca mais
Pessoas esquecidas.

Os papéis, as dúvidas, os sonhos
Perdidos em algum lugar que me esqueci
Passado, presente, futuro.
Coisas que vieram mas não vi.

O que ele mantinha por mim
Virou sentimento ausente
E só eu sei como dói.
Porque o que era presente,
na modificação das coisas,
Fez-se mar e se foi.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Eu pensava que esse amor era como uma tarde fria, uma tarde quase noite. E eu sentia tanto frio. Sentia a dor da ausência. Ausência de algo que nunca tive – e nunca terei. O meu peito havia dado lugar àquela dor antiga, dor primordial.

Não sei se esse amor ainda é a tarde fria. Pensando agora, ele tem algo de manhã cedo. Possui um pouco do início. Amor meio que bruto, entende? Amor sem ser lapidado. Amor na sua forma mais simples e pura. É um amor limpo, claro, bonito até. Um amor para se abrir todas as janelas, um amor que precisa de sol e toma a casa toda. Criando raízes e crescendo, sem suspeitar. E eu quero que cresça, eu preciso que cresça.
É desse amor de manhã que me alimento. E é nesse amor de tarde fria que encontro o que preciso para poder fechar os olhos.

Os meus olhos ardem. De tanto olhar a luz. Ou de tanto procurar por ela. Já não sei em que situação me encontro. Já não sei se eu procuro o teu calor à noite ou se estou por demais dentro dele.
Não sei se sou capaz de te ver de verdade ou se já estou naquela fase onde só sou capaz de ver o que quero. Você sabe, quando se sente isso, perdemos essa capacidade de ver a pessoa como ela é. E eu não sei se eu te imagino assim, se eu te quero assim, se te vejo por máscaras ou se o que vejo é o real.

Eu me coloco no lugar deles. E quando for eu que estiver dizendo adeus? Sei que meu adeus não será em voz alta. Será um adeus tímido, um adeus que não encontrará palavras para ser dito e, por isso mesmo, irá doer bem mais. Um adeus para dentro? Você certamente terá algo para me dizer. Alguma palavra reconfortante como “continuaremos amigos”, ligações que não existirão, encontros que não serão reais. E eu sei que permanecerei quieta. Haverá muito para ser dito mas faltarão forças. Já que meu interior estará repleto de medo – como esse que agora me invade.

Essa semente de amor cresceu. Acho que vou ter de abrir as janelas, o amor precisa de sol. Assim como eu que me alimento do calor, do frio, da saudade. Deixe- o crescer, até quando der, até quando eu aguentar. Pois o amor precisa de espaço, uma grande área, bonita e clara, para ser livre, para crescer em sua forma mais bonita. E não sei se meu coração é digno e claro e bonito o bastante para isso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Um fio muito fino, assim pequenino e frágil. Uma cordinha pronta para ser arrebentada, ao menor sinal.

Eu me sinto ameaçada. Se tratando disso, não possuo a menor confiança...você não sabe? Porque eu não entendo os motivos. E a qualquer momento, a corda pode arrebentar, levando tudo o que é meu com ela. Seria melhor fazer uma analogia com copos? É, eu acho que seria mais certo... Pois então imagino que o que eu represento para você é esse copo em suas mãos. Eu sou esse copo em suas mãos. Um copo qualquer, simples, comum – que me represente. Contenho todas as palavras, os encontros casuais, os gestos, o sentimento, a importância, essas coisas todas. Tudo ali no copo frágil, quebradiço. Você está entendendo?

Você segura esse copo com força, agora. Mas até quando vai zelar por ele assim com tanto carinho? Até quando seus braços terão força para continuar erguendo-o ? Até quando esse copo – que sou eu – será importante?

E se aparecer um copo mais bonito? Se lhe oferecerem outro, melhor do que esse, que contenha uma amizade melhor dentro dele – que não a minha, você o aceitará?

Meu copo indo de encontro ao chão. Espatifando em mil pedaços pequeninos e transparentes. E então, você irá me varrer, varrendo tudo o que continha no copo junto e indo de encontro ao lixo.

É exatamente isso que me causa pavor. Ser descartável. Não ser o copo que você segura nas mãos, mas sim o que fica guardado, esperando o uso. É uma analogia muito boba? Mas se você entende, acho que não há problema nisso...

Eu quero ser forte, ser a única. E até certo ponto sou, só não sei até quando.

Paisagem do fim

Qual é a paisagem do fim de um amor?
Um horizonte distante, sem cor
Tudo muito cinza.
Coisas em tons de sépia
Só para se colorir de novo
Em lápis de cores quentes
Para se ganhar calor.

Qual a paisagem do fim de um amor?
Se tudo perde a graça
E não há nada que se peça ou faça
Capaz de fazê-la voltar?

Chuva, neblina, saudade...
E eu que não sei o que digo
Começo a perceber o fim do amor
E procuro a ajuda de um amigo
Que me ampare na passagem pela dor.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Gotas

Aquelas luzes machucam meus olhos
Pois tudo em mim parece frágil
Linha tênue, esperando pra quebrar.

Os trovões doem. Aparecem roxos, fortes, frios e vão de encontro aos meus olhos que são fracos demais, desacostumados demais, meus demais.

O barulho da chuva me irrita, me causa pavor. Som eterno, imutável, água indo de encontro ao vidro frio da janela. Amantes que só se encontram em dias de chuva. Gotas descendo, sinuosas, pelo vidro.

E eu, de dentro, só observo, alheia a tudo. Não sou parte da chuva, estou seca aqui, protegida. Pensando assim, não sou parte de nada. Vejo as coisas, alheia, coadjuvante. O personagem principal da minha vida é outro alguém que não eu. E sei que não sou o personagem principal na vida de ninguém. A chuva aumenta. Trovões. E os clarões voltam a rodopiar por meus olhos cansados. As lágrimas rolam e caem como as gotas da chuva na janela da sala.

Mas a chuva é o encontro dos amantes. Minhas gotas são de solidão. E, de pouco em pouco, o céu para de chorar. Já mataram a saudade – eu penso. E os clarões me deixam em paz. Só meus olhos que teimam em expulsar as gotas sem parceiros-vidros. Gotas solitárias, gotas-eu.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prazo

E eu penso tanto, amor
Que um dia você vai me esquecer
E não vai lembrar nem meu nome
Cotidiano, vai passar, eu sei

E eu quero tanto, amor, que isso seja eterno
Mas sei que chegará o tempo
Paixão com data de término
Eu invento novos jeitos pra te ter
Só por mais alguns instantes.

Dói tanto, amor, saber que um dia
Não vou mais acordar pra você
Pensando que irei te ver
E já amanhecer sorrindo

É inevitável, o tempo passa.
E cada dia me aproxima ainda mais.
Paixão com data marcada
Sem nem saber se teve início.

O pranto é tanto
Mas você não sabe
Isso que te conto.
Que imagino nós dois juntos
De mãos dadas.

Levo a vida no meu ritmo
Pra não sentir saudade
Levo a vida a passos lentos
Só pra ter a sensação de ser eterno.

E desejo tanto, amor
Que posso jurar que é verdade
E até penso que meus sonhos
São realidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

Outra vez

Não sei o que acontece. Não estou doente. Não tenho febre, não tenho nenhum sintoma que indique que tenho alguma coisa. Mas então por que estou agindo de modo tão estranho?

Eu acho que sei a resposta. Acho que sei mas tenho medo de falar. É como quando se tem uma paixão e, por mais que esteja na cara e todos saibam, você não afirma.
Mas não há mais o que fazer, já me corroeu inteiramente. Essa doença que não é no corpo, na mente, no coração. Essa doença – se é que posso chamá-la assim – que surgiu de repente.

A minha doença não está em nenhum desses lugares. E não há cura, eu sei.
É ruim tê-la. É horrível. Mas se só afeta a mim, não me importo. Já deve estar a tempo demais no meu sistema, não há como tirá-la assim. Já deve ter se infiltrado em lugares que nem imagino.
Só não quero que isso vá para os outros que amo. Mas, de alguma forma sinto que está indo. E não posso aguentar isso. Essa doença é algo meu, não posso compartilhar.

Pois já disse que não posso curar. Como cuidar de alguma coisa que já corroeu a alma completamente? Sim, a alma. É aí que minha doença está. E começou a atingir as pessoas ao meu redor. Por isso, acho melhor me isolar. Parece que sempre falta alguma coisa e isso me deixa inquieta. Eu quero achar essa coisa que falta mesmo sabendo que ela não está nas ruas ou em outra pessoa: está em mim mesma. Só que sou um labirinto, indecifrável. Nem eu mesma me conheço realmente, não sei qual é meu limite. Até onde aguento isso?

Não sinto mais nada. Cara, logo eu. Eu que preciso estar sempre sentindo alguma coisa. Algum amor, algum ódio, algum arrependimento.

Preciso me encontrar. Já tentei tudo. Conversas, novas pessoas, cursos, festas, tudo. E fico feliz por algumas horas – ou pelo menos penso que sinto felicidade. Depois vem de novo aquele sentimento de coisa ausente. Aquela droga de sentimento que me faz querer chorar, desabar no chão, pedir um carinho. Os olhos em brasa, ácido agindo dentro de mim me corroendo, acabando, destruindo.

Eu só quero uma pausa...mas não posso exigir. Eu quero outra coisa... só não sei exatamente onde essa coisa está. No dia que souber, me jogo nisso com tudo. Pelo menos, com tudo o que me resta.

Eu quero, eu preciso de outra coisa. Andar sem rumo por ai, conhecendo tudo, provando qualquer coisa. Quem sabe assim o gosto volta. Quero me sentir viva, como a muito não me sinto. Porque, nesses últimos meses, não estou sendo a protagonista da minha própria vida.

O que foi que eu me tornei? O que eu deixei pra trás?

Eu quero ser capaz de sentir. De novo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mentiras-verdades

Se foi verdade ou se não foi não importa. Eu já tô nessa a tempo demais. Nem que eu quisesse, eu não poderia mais volta a ser o que era. Eu não posso ser a mesma de antes, já que sou muito mais você do que eu mesma. Eu já tô tão cheia... Se foi mentira ou não, do que vai adiantar? Se eu já não vivo mais minha vida? Se sou inteiramente você e de nada me pareço com o que fui? Pois é essa a verdade. E a culpa nem foi sua. Eu agarrei o que pude, pra não desabar. E agora isso é tudo o que eu tenho. E é a mais absoluta verdade. Já não sei mais o que é ser eu mesma, o eu antes de você. Realmente existiu? Começo a achar que era só uma farsa. Agora sim eu me sinto completa, posso afirmar. Mesmo que essa sensação de estar completa seja falsa. Eu me sinto bem assim. Não importa se fala a verdade, se mente. No seu olhar, encontraram mentiras. Eu não ligo, realmente. Pode mentir, sorrir, falar com quem você quiser. Contanto que eu ainda tenha a sensação de estar completa. Posso ser egoísta, mas nunca fui, estou sendo pela primeira vez. Deixa eu pensar um pouquinho em mim, vai. Deixa eu afirmar ser um pouquinho completa, um pouquinho feliz, um pouquinho alguma-coisa-que-nunca-fui-e-sinto-falta. Deixa. Porque sabe, eu não consigo ficar nervosa. Eu não consigo te dar as costas, eu não. Se tudo foi farsa, então deixa assim. Não vou querer consertar o passado. Só fica assim comigo como estava sendo. Eu não ligo, mesmo! Porque eu preciso. Você não sabe que agora já não posso voltar atrás? Você não sabe que agora se fecho os olhos é você que eu vejo? E invade meus sonhos, e invade meus dias, e invade tudo o que eu ainda tenho. Compartilho as coisas mais secretas. Se eu preciso disso pra continuar... Eu não quero saber, não me interesso em saber se mentiu. Eu acredito porque preciso acreditar que você só me diz a verdade – Mesmo sabendo que é impossível alguém só dizer a verdade. Mas eu quero acreditar que você é esse alguém. Se eu não acreditar nisso, desabo. Então me deixa assim, me deixa. Porque até agora estava tudo bem. Eu não vou virar as costas. Mesmo todos falando que é o errado, sigo em frente. Porque quero. Porque preciso.
Eu tentei, juro, tentei. Tentei ficar brava, mentir, ignorar. Tentei mas simplesmente não sou eu. Não consigo. Sorrisos e olhares me encantam e me fazem esquecer qualquer raiva. Sou dessas bobas mesmo, as marionetes nas mãos de alguém. É totalmente fácil me controlar e eu sei. Mas não acho ruim. Se você me guia, deixa estar. Eu deixo você me levar. Não me diz nada, não vou pedir explicação. Porque é isso que eu quero. Só continua como antes, por favor. Eu esqueço isso. Esqueci tantas coisas... Não importa. Voltar à superfície eu não posso mais. E nem sei se quero. Estou bem aqui, no escuro, no fundo de algo que nem sei o que é. Estou bem nas teias de mentiras-verdades. Estou bem.

domingo, 4 de outubro de 2009

Ciclo

O encontro. Frases tímidas. Esperança. Saudade de alguém. Solidão. Abrigo. Braços que amparam. Palavras doces. Sonho. Amizade. Sensação boa. Coisa proibida. Olhares estranhos. Sentimento novo. Palavras medidas. Gestos pensados. Quatro palavras. Dor. Segredos. Reconciliação. Olhos nos olhos. Timidez. Músicas. Encontros. Palavras não ditas. Vontade. Proibição. Ritmo frenético. Coração acelerado. Companhia. Paz. Sorrisos. Sem preocupações. Vergonha. Sensações. Poemas escritos. Falta de coragem. Textos no fundo da gaveta. Memórias guardadas com carinho. A sensação de estar completa.

Mergulho sem volta

Porque eu já estava mergulhada demais nisso. Sem a mínima chance de voltar a superfície. Eu já tinha ido onde nenhum outro havia ido. Até o fim, até onde eu consegui. Mergulhei de cabeça e não digo que mergulhei de uma vez só, mas foi rápido.
Foi tão rápido que nem perguntei se era isso mesmo que eu queria – mesmo sabendo que, se mergulhasse, não poderia voltar atrás. Aquelas atitudes que se faz e só depois se questiona: foi assim.

Não me arrependo, daqui onde estou. Mas agora surgem dúvidas, surgem interrogações em minha mente.

E fiz isso que fiz por saudade. Fiz por sentir falta de alguém. Mergulhei de cabeça no novo, no inesperado, no proibido. Mergulhei só, mergulhei comigo mesma e mais nada. E enquanto descia, não pensava em coisa alguma. Só era capaz de ver as alegrias que eu teria, se chegasse até onde ninguém chegou. Só quando cheguei perto do fim, fui tendo dúvidas. A possibilidade da mentira. Manipulação? Pois nunca havia pensado. Então, tudo o que fiz, minha descida dolorosa, meu mergulho, não foi nada? Aquilo que pra mim tinha sido um passo tão grande, uma conquista, pra você não passou de atuação?

Eu me joguei de cabeça, sem perceber se você estava fazendo o mesmo. Só quando cheguei ao fim, percebi que você permanecia na superfície. Mas não tinha volta pra mim. Eu estava fadada a ficar no fundo, presa naquele emaranhado de fios e sentimentos desconhecidos. A água me invadia, com força, devagar, intrusa. E ia de encontro ao peito, a mente. Em minutos, não pensava mais em mim. Eu era só você. E continuava ali, afundando cada vez mais no desconhecido- que era tão bom! E você me olhava da superfície, alheio a tudo aquilo, manipulador.

Daqui do fundo, não consigo te ver nitidamente. As vezes penso que é melhor, pois não vejo se fala a verdade ou mente. Não sou capaz de ver seus olhos e- assim- não caio mais em suas mentiras. Ao mesmo tempo, me sinto sua escrava, dependente. Pois a única coisa que me guia, daqui da escuridão, é sua voz.

sábado, 3 de outubro de 2009

Como atravessar Solidões

Aprendi a atravessar dezembros, setembros, janeiros.
Sempre só, como um vagão sem passageiros.
Eu ia me entregando a sorte
Rumo ao sul ou ao norte
Ia para onde a vida me levasse.

Fumava um cigarro, sem pressa
A solidão como companheira, velha conhecida
Minha alma não mais se expressa
Há tempos que foi esquecida.

E se chover, ficarei só
Com meus pensamentos banais.
Naquele quarto de hotel que era nosso e
Não voltará a ser jamais.

Tomo um drinque, pra me esquecer
E me jogar nos braços de um homem
Em uma rua qualquer, me perder
Enquanto as boas mulheres dormem.

Mas eu nunca fui certinha, eu sei
Sempre fui a que no mundo anda perdida.
Foi por amar demais – pensei-
Foi por amar demais que acabei ferida.

Conhaque, licor, qualquer coisa
Que umedeça meus lábios a tanto ressecados
Pois eu sei que o coração permanecerá seco
Depois de tantos amores chorados

E ouço aquelas mulheres, perdidas
Com as vozes roucas, cantando vidas em vão
Que se entregaram por completo
E morreram em completa solidão.

Bebo um drinque e depois
Me entrego a qualquer um que jure um amor eterno, sem fim
Mesmo que o eterno dure um dia ou dois
E que ele vá embora, sem mim.

Assim atravessei meses inteiros
Fevereiro, Maio, Agosto
E tive amores passageiros
Com pessoas que nem lembro o rosto.

O que são as alegrias

Alegrias! Alegrias?
O que são?
É como quando a gente sente
Algo de diferente que vem
Direto do coração?

Alegrias. Alegrias.
Significados não me importam
Quero senti-las!
Alegrias.
Se é como tristeza conheço muito bem,
Pois é como se eu não vivesse sem.
Tristeza conheço a minha vida inteira
E cada vez que ela aparece é de uma nova maneira.
As vezes, vem rápida, tiro no peito
As vezes demora tanto.. e é tão incerto...
Será que as alegrias também aparecem assim?
Sem mais nem menos, só surgem
Tomando tudo que há em mim.

Se é isso mesmo, é bom. Alegrias repentinas.
Como as estrelas vespertinas
Que eu vejo da janela.
Quando escrevo as poesias
Cheias de amor e lamento
E de um certo sofrimento
Enquanto penso só nela.

Alegrias vindas de onde? E melhor ainda, de quem?
Porque certamente devem pertencer a alguém.
E esse alguém não sente falta da felicidade que perdeu?
E sabe que ela passou a ser de alguém como eu?
Que nessa coisa de alegria não possuo o menor jeito
Porque é uma coisa nova que me invadiu o peito.
E se ele a quiser de volta, eu terei que devolver?
Arrancar alegria de mim, rápido assim, deve doer...

Se for desse jeito prefiro nem tê-las!
Para não cair na esperança e depois vê-las
indo pra longe de onde estou
Prefiro ficar com a minha tristeza
que eu sei que está sempre comigo
E já é mesmo como se fosse um amigo
a zelar e ir para onde vou.

Um só

Solidão e tristeza andam lado a lado comigo
Como se fossem um só, meu amigo.
E eu não me sinto sozinho, me sinto completo.
De paz e amor repleto.
Como se não precisasse de nada mais,
Como se, só assim, pudesse viver em paz.
Em mim mesmo encontro a companhia
Que nesses anos todos tanta falta fez
E vejo que assim foi bem melhor
Pois não vou sofrer outra vez.
Se vivo bem assim desacompanhado
Para que viver com alguém ao meu lado?
Vivo sozinho e assim sigo
Fazendo do mundo o meu abrigo,
Sem me apegar a nada nem ninguém.
Para que não me usem, também.
As vezes sou fraco e sinto falta.
A falta de ter alguém pra falar dos sonhos
E fazer dos meus dias mais risonhos.
Porém volto à realidade
E vejo que não há ninguém esperando por mim
Mesmo que eu queira, essa é a verdade
E será essa até o fim.

O dia em que o Sol encontrou a Lua

Se eu sou o Inverno, você é o verão.
A primavera e o outono
Se sou a companhia, você é a Solidão.
A lucidez e o sono.

E se estivermos errados?
Vida inteira, jogada pelas ruas.
Mantenha seus olhos cerrados...
E minhas mãos nas suas.

Naquela noite, estava linda. Andando, toda misteriosa.
Não conseguiria descrever nem em poesia ou prosa.
Olhou pra mim, aquele olhar marcante. Gente que sabe o que quer.
E eu já era todo seu. Naquele instante, te quis como minha mulher.

Meu mundo nada parecia com o seu
E mesmo assim, eu quis te conhecer
Eu era tão tristeza, você tão amanhecer...
Que nem parecíamos estar sob o mesmo céu.

Eu era tão noite, você tão alvorada
Que quis fazer em ti minha morada.
Por ser tão diferente, quis te ter ao meu lado
E te encher de amor e afago.

E porque não poderia dar certo?
Se é sempre bom ter alguém por perto
Para falar sem precisar fingir.

Dividir sonhos, medos e desejos
Compartilhar abraços e beijos
E com você chorar e rir...

Perfeitos assim

Se eu voar, quero te ter junto comigo
Pra fazer do seu abraço o meu abrigo.
E que faça chuva ou que faça sol
Te cantarei músicas em ré bemol
E iremos por ai, sem destino feito
Só com a coragem invadindo o peito
Pode ser de tarde, ou de noite, enfim
O que importa é que terei você só pra mim.
Para ir ao campo, à praia, ou a qualquer lugar
Sair de casa já é se aventurar.
Pra nós, todo o amor que possa existir.
Para que eu possa olhar pra você e sorrir
Nada mais importa, nada parece certo
Se não te tenho aqui por perto.
Somos como noite e dia,
Tristeza e Alegria.
É como um sim, e eu o não.
Açúcar com Limão.
É como o infinito, e eu o tempo
Você o Sol, eu o Vento
Mas somos tão perfeitos...tão iguais
Imperfeitos assim como somos.
Que nem o melhor poeta, em seus sonhos,
pôde ver perfeições tão reais.

Felicidade Repentina

E era claro mas tão escuro
Difícil mas tão puro...
Que nem sabia identificar.
E fiquei em cima do muro
E pensei: “Como é duro
aprender a amar...”

Felicidade lutando contra a dor
E longe disso tudo, salvo, está o amor
Eu só ouço o som da sua voz...

O quarto na penumbra, sorrisos que não pude ver.
O homem de rua, sem teto e aquele que se acha completo, sem o ser.
Aqui nessa casa estamos a sós.

Só encontro a dor e já não vejo a paz
Nem sei se um dia serei capaz
de perceber que nada é perfeito

Assim como há os que estão sempre bem,
tem sempre alguém com ferida no peito.

Quando eu me sinto vivo, eu imagino um mundo ideal.
Onde todo pôr do sol é de deixar sem ar
E todo nascer de dia, uma nova surpresa

Não há silêncio sem ruído
E nem manhã sem sol nascente
Não há achado sem perdido
Culpado sem inocente.

Porque só enquanto eu respirar
só enquanto meu coração bater
Eu vou me lembrar de você
e vou me fortalecer.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta"

Essa frase parece realmente feita pra mim. Existe sempre alguma coisa ausente. Existe sempre a falta de algo. Existe sempre. Existe?

Hoje estou mais feliz que ontem. Amanhã provavelmente estarei mais feliz do que hoje.
O tempo não é capaz de apagar as coisas, isso é falso. Mas pelo menos ele... ameniza? Nem sei se ameniza. Ele faz com que as coisas sejam arquivadas, digamos assim. Mas é só acontecer alguma coisa: uma palavra, um gesto, um lugar e lá está a coisa de volta à vida.

Se hoje estou assim, motivos tenho. Se bem que as vezes nem o possuo! E mesmo assim fico triste. E já fico calada, quieta. E já ouço as músicas que guardo pra esses momentos de solidão. Músicas que já decorei de cor e salteado. E os refrões saem da ponta da língua, como hino. E são hinos. São meus hinos de tristeza e solidão.
Se estão nessa seleção, é porque dizem algo que me conforta. Ou que me deixa mais magoada ainda! Mas dizem.

E reflito. Escrevo e apago: uma, duas,cem, mil vezes!

Mas hoje posso dizer que possuo motivos.

Meus motivos muitas vezes são bobos: uma palavra mal interpretada... coisas assim.
É que não me julgo estar pronta para perceber que não controlamos as pessoas. Que simplesmente nossos desejos não se realizam. Não é porque eu desejo que tal pessoa fale isso que ela vá realmente falar... E pessoas nos decepcionam. É a lei, a regra. Pessoas são complexas demais... Não estou pronta pra aprender isso. No meu mundo, no mundo onde para mim tudo é perfeito, as pessoas falam e fazem e olham seguindo o que eu determinei. E elas nunca me decepcionam : simplesmente são perfeitas.

Seria até meio sem graça se as pessoas fossem todas perfeitas, como nos meus sonhos. Eu saberia exatamente o que esperar delas. O fascinante da vida é que não tem script. Improviso total. E é ai que mora o perigo... Essa coisa toda de improviso me assusta... Eu gosto é de pensar, decorar falas, analisar mil vezes antes de fazer qualquer coisa. Improviso não rola. Não levo jeito. Quando preciso, entro em desespero ou escapo.

Mas até que é bom... As coisas mais inesperadas acontecem assim, as maiores alegrias também – junto das maiores tristezas.

Hoje não sou a mesma de ontem. Amanhã provavelmente não serei a mesma de hoje.
Porque acho que mudo demais...

E nessas mutações loucas que sofro, nunca estou completa.

domingo, 20 de setembro de 2009

Eram frases meio tristes, meio dor, meio despedida. Mas também, que ela esperava? Era o risco.

E, sendo de qualquer outra pessoa, essas frases meio tristes, meio dor e meio fim nada significariam. Seriam só mais algumas frases, somadas as tantas outras que já recebera.

Vieram logo da pessoa que ela nunca pensou. Tiro certeiro no peito – sem tempo de reagir. Quando deu por si, fora atingida. Atingida por quem não esperava. Ou esperava?

Ela tinha tudo nas mãos. Por querer mais, foi além. E ultrapassou barreiras. Foi coisa de alguém cansado de fugir de situações assim. Foi coisa de quem quer sentir medo pela primeira vez, o medo por dar errado, o medo por não saber o futuro. Afinal, sempre que estava em situações de perigo, fugia. Não encarava nada, não lutava pelo que queria. Cansou-se.

Foi, pela primeira vez, em frente e sentiu-se completamente limpa, completamente em paz, completamente ela mesma.

Sabia que podia perder tudo. Mas se desse certo, ganharia muito mais. A recompensa valia o risco. A recompensa valia tudo o que ela tinha. A recompensa era a única coisa que ela tinha. A única coisa onde ela se segurava para não cair.

Não deu certo. As palavras vieram certeiras, de encontro ao ponto onde iria doer mais: na alma. Palavras de desconhecido, um adeus dito assim sem mais nem menos. Interpretações erradas.

Não sabia mais nada. Voltou a sentir-se só. Lata jogada no chão da rua, coisa que passa e ninguém olha.

Outras frases deram lugar àquelas, dias depois. Eram frases meio de perdão, meio de amizade, meio de um recomeço. E ela as aceitou. Precisava dessas frases meio mistas de tudo o que ela sempre quis.

Viveu completa assim, então, com suas frases meio amizade, meio novo início, meio ventura, meio eu-estou-aqui, meio não-te-abandonarei, meio te-quero e inteiras eu-te-amo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Cafés e Sábados de Manhã

Hoje te liguei, não sei como. Ouvi sua voz, que vinha de tão longe, mas parecia estar aqui, do meu lado, falando baixinho só pra eu ouvir...

Sei lá, estava precisando falar com alguém. Essa solidão anda me devorando por inteira, você sabe.
Não. Não. Você não sabe.

Você não sabe que passo dias assim, sozinha. Acordo e permaneço o dia inteiro sentada. O jornal sobre a mesa e do lado, a xícara de café que eu faço, mas o deixo ali em repouso, ambos intactos. O cheiro de café invade a casa inteira, nas manhãs de sábado. Não demora muito para ele esfriar. A fumaça que saía da xícara já não sai mais. Então acendo um cigarro e fico olhando pela janela, pensando que veria você, como nos dias que saía para o trabalho, depois de ter tomado o café. Ainda não perdi essa mania, talvez porque eu ainda espere que um dia você passe pela mesma janela, dessa vez não para sair, mas para voltar pra mim.
E eu correria para a porta, de braços abertos – pois sempre fui assim tola e dessas que perdoam qualquer coisa.
E, se naquele sábado você foi embora e não voltou, nesse - você estaria de volta. Viria ao encontro dos meus braços. Com promessas de não sair deles nunca mais. Iria me beijar como louco, beijos de saudade, de dor. E eu apertaria suas mãos com força. Naquele sábado as apertei numa esperança vã de que você ficasse. Nesse, apertaria com a certeza de que não as soltaria nunca mais.

Hoje te liguei. Sem esperanças, sem desejos, sem nada. Minto, eu tinha algo sim. Tinha a vontade de falar com alguém. Mas não podia ser qualquer um. Na verdade, disquei seu número sem perceber. Deveria ter desligado assim que você disse “Alô?” e percebi que era sua voz – que permaneceu intacta mesmo depois desses dois anos. Mas não consegui. “Alô? Quem fala?” você repetia, com seu tom de voz que normalmente indicava que estava nervoso.

-Sou eu. A Lô... - e ouve aquele silêncio. -Olha, na verdade nem sei porque liguei, foi meio automático, sabe, fui discar um número e quando dei por mim, percebi que havia discado o seu... olha, não vou mais tomar teu tempo que deve ter coisas mais importantes a fazer... então...
-Não, Lô, sabe que eu estava realmente pensando em você esses dias? É que... ah, nada. Mas conta, como vão as coisas ai?
-Normais, tudo bem, eu acho.
-Ah, sei....

E um daqueles silêncios. Queria falar mas não sabia. Aliás, o que diria? “Olha, eu ainda te amo, olha, eu nunca te esqueci. Eu perdoo, também errei. Vamos recomeçar, sim? Pois eu não aguento mais isso. Dois anos de tristeza, dois anos... dois anos...”

-Eu estou atrapalhando, né? Acho que é melhor desligar...
-Não, Lô, não. Eu não estava fazendo nada. Ia ler meu jornal, mas isso pode ficar pra mais tarde.
E de súbito olhei aquele jornal na mesa. O jornal que ele folheava com todo o cuidado e que - era sempre assim - depois de ler, o deixava em cima da mesa e vinha me dar um beijo, nas manhãs de sábado.
-Hm, entendo. E como você está?
-Vou indo, sabe, me envolvi com uma pessoa... ela é uma boa pessoa, a conheci no trabalho. Até que estamos bem. E você, não conheceu ninguém?
-Conheci algumas pessoas... nada demais...
-Tá ouvindo música, é? Essa aí, não é aquela que tocou quando a gente se conheceu?
-Ah, é essa sim. Tinha colocado o disco pra ouvir, assim que acordei. Acho que foi por isso que disquei seu número... deve ser por causa da música. Tinha até me esquecido.
-É bom né.
-O que?
-Sei lá. Lembrar do passado, assim. É como se estivéssemos vivendo tudo aquilo de novo. Sentindo as mesmas coisas. É bom as vezes, lembrar das coisas...
-É, eu acho que sim...

e outro silêncio. Acendi um cigarro, enquanto passava os olhos pela casa. Precisava lembrar de cuidar das rosas...

-Lô? Ainda está ai?
-Sim, estou ouvindo...
-Ah...
-Sinto sua falta aqui...
-Oi? Lô, o que você disse?
-Nada, nada importante. Era só uma coisa que eu pensei agora mas não tem importância...
-Ah sim. Olha Lô, preciso desligar. Você entende, né? Olha, liga mais vezes, sim? A gente conversa mais...

Mesmo sabendo que não tínhamos nada pra conversar.

-É que eu queria falar...
-O quê?
-Hum, deixa pra lá. Desculpa ligar assim, tá. Vai lá, não vou mais atrapalhar, eu juro.
-Lô, aconteceu alguma coisa? Sua voz tá estranha. Eu te conheço, Lô, fala logo.
-Nada, eu juro, tá tudo normal aqui. É que Sábados me deixam meio assim mesmo... - e ele tinha entendido. Sábados. Os dias mais tristes. Ainda mais nas manhãs. Quando eu acordava sem a companhia dele. E preparava cafés para ninguém. E deixava o jornal na mesa, para o vazio.

Deu uma respirada, profunda, melancólica. E eu apagava o cigarro.

-Bom, fique bem, tá Lô... Se cuida.
-Você também...Tchau.

Desligou o telefone primeiro. Fiquei ainda um tempo com o telefone em mãos, até ter a coragem para colocá-lo no gancho. O sol lá fora estava alto, intenso. Decidi fazer outro café, enquanto acendia um novo cigarro, naquela manhã de sábado.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Não Solta da minha mão..."

Como se atravessa um abismo? Sem forças, sem vontade, sem nada?

Essa é a típica coisa que não se confirma nunca: que suas forças acabaram. Que, na verdade, você não tem mais nada. Mesmo sabendo que é verdade: sempre foge.

Ela pregou na parede um retrato seu e guardou com carinho as suas cartas. Era inocente, coitada. Se aproveitavam dela... Mas era de um coração puro e bom. Quando amava, se entregava completamente e se aproveitavam disso para tirar todas suas forças e deixá-la aos pedaços.

Ela não se queixava, ia se queixar pra quem? Sempre foi sozinha.

Nesses dias, sem os seus pedaços do coração, queria mesmo era poder voar e gritar lá do alto. Voando, pensava ela, seus pedaços iam se regenerar.

E tirava o retrato da parede mas colocava de volta minutos depois.

Criava recordações que não existiam e sonhava. Mas sonhava tão frequentemente com as mesmas coisas que começou a achar que seus sonhos eram reais.

Eram coloridos, incandescentes, em neon. Explosão de cores que ela nem conhecia – mas estavam todas lá.

Procurou abrigo neles, então. Nos braços das pessoas sem rosto que estavam com ela todas as noites. Sem face, sem corpo. Eram simplesmente massa, uma forma, mas tinham braços. E os braços eram quentes e bons, braços de alguém que ela nunca teve ou que teve e a abandonou.

Era até melhor que não tivessem um rosto ou que não falassem nada. Assim, poderia imaginar livremente e nunca se decepcionaria. Não ouviria palavras falsas, promessas que seriam quebradas. Bastava os braços ao seu redor, bastava o calor que eles tinham, bastava saber que tinha alguém ali com ela. Bastava.

E acreditava tanto nos seus vultos que começou a vê-los não somente em sonhos. Andando nas ruas, os via no meio das outras pessoas, parados, massa cinzenta e disforme – com os braços que ela reconhecia dos sonhos.

Viu aquele que vinha toda noite, aquele que a abraçava sempre e que não a largava. Para ela, aquele era o mais querido. Como sabia que era ele? Simplesmente sentiu. Mas o vulto querido não a quis abraçar e fugiu. Ela foi atrás, correu, sem ar. Chegou ao topo de um prédio. Sol forte, lá embaixo: o movimento incessante de todo o tipo de pessoas e carros e cores. Viu o vulto ali, estendendo os braços, a esperando para o abraço. Foi até a beira. Mais um passo e cairia. Olhou pra baixo, a cidade toda se movia como numa dança, num movimento eterno. Entendeu que era a sua chance de voar. De recuperar seus pedaços de coração perdidos.

“Não solta da minha mão...”

Sentia o calor do vulto a envolvendo. E de repente, seus pés não mais tocavam o chão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Interprete como quiser. Se não quiser entender também sinta-se a vontade. Não vou forçar você a nada, como sempre fiz.

Eu só sei que me sinto horrível. Me sinto horrível quando me amam. Pelo simples fato de que não posso amá-los de volta. Duas pessoas cabem no mesmo coração?

Me sinto péssima porque eu sei como é, eu sinto o que sentem. Mas gostaria de vê-los felizes.. Porque sei que se estão tristes, é por minha causa.

E sei que param de ouvir as músicas e normalmente param de falar comigo, param de me mandar recados... E eu sinto falta... mas não posso querer tudo. Afinal, a grande causadora das dores sou eu. É natural eles não quererem mais ver a razão do problema, a culpada. Alguns consigo manter a amizade – claro que com algumas mudanças. Com alguns, nunca mais falei. E sinto falta.

Não que eu seja irresistível ou muito bonita ou que tenha alguma coisa de especial. Na verdade, sou até meio sem graça... Eu mesma não vejo atributos assim tão especiais em mim. Posso parecer algo. Parecer inteligente, parecer interessante, parecer diferente. Mas na verdade sou tão normal..até meio previsível- ou completamente previsível? Eu gosto do que os outros gostam, sonho com o que os outros sonham, quero o que os outros querem. Quando amo, amo como todos os outros, fico triste como todos os outros... Nada de diferente.

E eu bem que queria ser capaz de impedir que gostassem de mim. Pelo menos até que eu seja capaz de arrancar o outro do peito, pra que eu possa – finalmente – aceitar uma outra pessoa.

Porque eu quero que alguém ouça as músicas que tantos proibiram, que me escreva versos felizes – e não tristes e que quando disser “Eu te amo”eu possa dizer com sinceridade “Eu também”

E ter um amor que seja igual ao de todo mundo: cheio de palavras carinhosas, apelidos bobos e cartinhas. Mas que será também diferente dos demais porque,dessa vez, ele vai ser meu também.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pequenas surpresas

Tem tanta coisa acontecendo na minha vida agora. Tem tantos sentimentos envolvidos... Eu não posso simplesmente fugir de tudo isso? Criar asas e ver minha própria vida de cima, do alto?

Eu já desisti de tentar arrumar, já desisti de tentar compreender, ver onde errei. Tô deixando rolar.
São tantas voltas, tantas coisas. Me sinto perdida.

Hoje foi um dia daqueles. Cheios de pequenas surpresas.

Eu estava tramando mil planos, apagando fotos e lembranças. Delete, delete, delete. E apaguei tudo que me lembrava dele. Apaguei mesmo, sem dó! E fiz planos de vingança: até realizei alguns. Na esperança de que esquecesse ele. Não olhei mais fotos, não li mais o diário, nem os textos que pra ele fiz. E estava levando a vida, assim.

Só que esses dias cometi o deslize de pensar nele, nem foi assim do nada. Foi porque falaram nele... O nome dele veio da boca de vários e quando dei por mim, já estava com o nome nos meus lábios também.
E parece que meu pensamento o atraiu, não sei como. Hoje, veio falar comigo. Uma ocasião rara: Das pouquíssimas vezes que falei com ele depois da partida, nunca começou a conversa. Era sempre eu que mandava algum recadinho como “Oi, sinto saudades.”

Hoje foi diferente, foi único. Ele veio, e veio simpático. E foi como quando eu ainda não o amava e nem ficava pensando nas coisas que ia falar: elas simplesmente saiam, naturais. Foi exatamente assim! Claro que sentia os efeitos do amor - o coração, as pernas bambas, a vontade de me esconder ou sair correndo.

Mas falei com ele. E rimos juntos, brincamos. E pude vê-lo – pela tela - mas pude vê-lo! E pude matar as saudades, mesmo que só um pouco. Mesmo que eu saiba que as saudades não podem ser matadas. Em mim, elas sempre vão existir.

Pois me sinto zonza. Tantas coisas aconteceram... Tantos sentimentos juntos! É tanta dor e tanta felicidade em uma semana só que eu simplesmente não sei onde acaba um e começa o outro. Fundiu-se tudo em uma só coisa. E é estranho...

Em um dia só, tanta coisa. Tanto amor, tantas lágrimas, tanto medo.

E são nesses dias onde me sinto viva. Quando eu sinto dor eu me sinto viva. Só assim. Porque é meio que... não sei. Eu só sinto que sou alguém, que sou humana, fraca, que sou o nada quando sinto dor. É quando sinto aquela invasão de tristeza, a vontade de chorar e querer ficar só. De querer ficar com meus livros, minhas músicas, meus cadernos: mas sem nenhuma pessoa por perto. Completamente isolada. Nessas horas eu me sinto mais viva do que nunca. E penso tanto e não chego a conclusão nenhuma. Só penso. Imaginando que se tivesse feito daquele jeito ou do outro seria tudo diferente... Que a vida tem tantos caminhos que eu nem sei! E nem posso escolhê-los. Que a vida é muito complicada. Talvez porque ela simplesmente seja assim, é sua característica inata. Ou é porque somos nós que a complicamos? Sei lá, os dois talvez. Se fosse fácil não teria graça. Batalharíamos pelo quê? Acordaríamos todos os dias, pelo quê? Por quem...?

E esses dias de dor estão se tornando tão frequentes... É até meio estranho. O que posso fazer é só deixar a dor se instalar, deixá-la ficar o tempo que quiser, que julgar necessário, ser boa anfitriã. Para depois ir embora, sem pensar em voltar por algum tempo. Pra que, assim, eu possa esquecer que estou viva, pelo menos um pouco.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O que é preciso?

Se me perguntarem se sou feliz, direi que sim imediatamente – sem pensar. Depois, acho que vou ficar pensando se falei a verdade ou não.

Afinal, o que é preciso pra ser feliz? Digo, o que é REALMENTE necessário? Amigos, família, dinheiro, casa, amor, cuidados?

Mas não tem gente que não tem nada disso e mesmo assim é feliz?

Acho que a felicidade está na gente. Ah, não sei. Precisamos mesmo de dinheiro pra dizer que somos felizes? E não tem gente que vive com tão pouco por ai, nas ruas, nas favelas, sem luxo nenhum, e mesmo assim é feliz? Então isso está descartado...

Amigos e família eu diria que são essenciais. Pra você ter uma base, um apoio, um porto seguro.

Aliás, felicidade se acha em tantos lugares! Em uma frase, em uma música, em um livro. Tantos dizem que a felicidade se esconde em algum lugar onde não possuímos o endereço. Que tal começar a procurá-la dentro de nós mesmos?

Felicidade não se esconde em carros, fama, luxo. Acho que é um sentimento das coisas simples, das coisas que ninguém dá importância e que passam batido.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Meu abrigo...

Quando vou sentir teu abraço me aquecer?
Quando vou poder deitar sob teu peito?
E poder amar e com você crescer
E fazer do teu braço o meu leito?

Dizer que o teu sorriso é só meu
E que teu olhar só pra mim foi feito
Te dar meu coração, pois também é teu
E ver o modo que me olha, sem jeito.

Sentir a pulsação parar
Só de sentir o peso que o teu olhar contém.
Passar mal, ficar sem ar
E ver que já me fez sua eterna refém.

Coloque os grilhões, pois eu já lhe pertenço.
E me pegue pelos dedos, sê meu guia
Pois eu só quero viver esse amor intenso
E ao teu lado morrer em doce agonia.

Poder ser dona até do teu calor
Te dar meu carinho, meu beijo, meu afago
E morrer, mas morrer de amor
Sem nunca sair do teu lado.

Fazer das suas carícias meu porto seguro
Dizer que só em ti encontro abrigo
E prometo ser para sempre sua,eu juro!
Meu adorado, meu amante, meu querido!

O adorado!

Cada fala que você diz
É um sentimento a mais que aparece
E em cada olhar que para mim lança
tem um pouco do amor, que só cresce.

Criou raízes dentro do meu peito
Fez um ninho, uma morada
É a razão de eu ficar tão sem jeito...
De eu me sentir tão amada!

E eu não quero deixar você sair
Pois temo que você me abandone.
Em um impulso louco, fugir
Deixando-me apenas com teu nome.

Adoro quando passa do meu lado
E, sem dizer nada, me olha.
Eu penso: “Lá vai o adorado!
O que também me adora!”

Ou quando para perto
Sem saber, ao certo, o que dizer
E me olha com olhos de ternura
E eu penso em cometer uma loucura
Com meu peito se enchendo de amor e sofrer!

Adoro também quando fala comigo sobre o tudo, o nada, nós
E eu posso ouvir o timbre querido, sua voz
Que chama meu nome, cheio de pudor e vergonha
E eu sonho no dia em que essa voz me dirá
Enquanto acalenta: “Sonha, meu amor, sonha!”

Um papel

E com apenas um pedaço de papel
Você me faz feliz sem perceber.
Faz com que eu me sinta boba e
põe meu coração a latejar e doer.

Pois só de pensar que você pensou em mim
E talvez tenha até dito meu nome
A felicidade me acerta no peito
E toda a tristeza some.

Pensar que você não me esquece
Que lembrou de mim naquela hora
E pensar “Ah se eu pudesse
dizer que esse amor me revigora!”

E pude ver seu nervosismo enquanto andava até mim
Passo atrás de passo, lentamente.
Vi seus olhos brilharem e seu sorriso abrir
E senti coisas que sei que você também sente.

Ficou meio sem jeito, andou mais devagar.
Procurava algo nos bolsos,
eu procurava no olhar.

E tirou, então, o papel
Que feliz tanto me fez
Ah! Se eu pudesse viver isso outra vez!

Sem fala alguma, ergueu-o no ar
Analisando, com um sorriso, a minha reação
E pensando que você me olhava nos olhos
Senti que havia perdido o chão!

sábado, 15 de agosto de 2009

Abra as Janelas!

Abra as janelas, deixa o vento entrar!
Deixa o sol bater nos teus cabelos
Deixa vir a luz, deixa se espalhar!
Deixe eu te encher de zelos!

Deixa vir a maresia, salpicando o ar com sal.
Deixe aberta a porta.
Deixe como está, afinal.

Vem, que não temos tempo.
Vem, enquanto o sol ainda está no céu.
Morena, corre, vem com o vento.
E derrama da tua boca esse teu mel!

Desenho na areia o seu nome e um coração
Que a onda vem e leva em um instante
E te faço um poema e uma canção
Para cantar quando estiver distante.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tecnologia

Ok, isso vai ser apenas um relato de como fiquei presa no elevador hoje. Não é o que costumo escrever aqui, mas não sei aonde colocar e eu PRECISO escrever sobre isso. São aquelas coisas que marcam.

Tinha acabado de chegar no prédio onde moro, estava tão feliz (e tão cansada...) que simplesmente ignorei as escadas e fui direto rumo ao elevador. Escolhi o elevador de serviço, o social não estava no térreo. Subi. Moro no segundo andar, podia ter ido de escada sem problema, nem é tão longe. Mas eu estava tão cansada... estava de pé desde as 8 da manhã, andando sem parar, quis dar uma folguinha. Logo que chegou no meu andar, o elevador parou, mas uma das portas não abriu. Já comecei a entrar em desespero, coração acelerando. Pensei “pronto, fiquei presa e tô sozinha no elevador.” Soquei a porta e ela não abriu, tentei forçá-la com as mãos e consegui fazer com que ela abrisse mas a outra porta estava trancada. Não tinha como sair dali. Tentei apertar alguns botões pra que talvez o elevador funcionasse e eu fosse pra outro andar, qualquer um! E a porta que eu consegui abrir com as mãos tinha fechado novamente e o elevador começou a se movimentar. Foi um pouco pra baixo e... parou. Eu sabia que estava presa entre um andar e o outro e, como possuo uma enoooorme sorte, o botão que serve para avisar que tem gente presa, bem, ele estava quebrado. E infelizmente eu não lembrava o número da portaria para usar o interfone e ligar. Ok, eu estava ferrada. Até ali eu estava até que relativamente calma. Mas como vi que meus recursos para me salvar estavam todos quebrados.. entrei em desespero total. Comecei a gritar, dizendo “Alguém pode me ouvir? Fiquei presa no elevador!” com aquele tom de choro e medo. Gritei muito, com voz esganiçada. Tentei discar qualquer numero no interfone, só precisava avisar uma pessoa... ela ligaria pra portaria. Ok disquei, ninguém atendeu. Lembrei do celular no meu bolso, liguei pra minha mãe, torcendo pra que houvesse sinal. Ela atendeu mas não me ouvia bem, gritei no telefone avisando que tinha ficado presa mas ela não entendia e falava “Isabel, não consigo ouvir!” e eu falava cada vez mais alto até que ela pôde ouvir, disse pra que eu me acalmasse e me informou o numero da portaria. Se vocês já ficaram presos em um elevador sabem como a sensação é horrível. Eu estava ali, sozinha, naquele cubículo cheio de botões que não funcionavam. Sabe-se lá que horas eu iria conseguir sair dali... E a fobia de lugares fechados começou a surgir. Respirei fundo, tentei me acalmar, pensar que logo sairia e poderia respirar com alívio de novo. Liguei na portaria, disse minha situação, que o moço já sabia, acho que alguém ouviu meus gritos e avisou ele. Minha mãe me ligava pra ver se eu estava bem e eu ainda tentava apertar os botões na esperança de que funcionassem.

Até que ouvi um som e um homem abriu a porta, só havia um pequeno vão ali e de lá ele aparecia e eu conseguia ver o meu andar, entre o meu andar estava a parede e conseguia ver a porta do andar de baixo. Só o que pensei foi “Moço, me puxa daqui, pelo amor de deus, deixa eu escalar essa parede, só quero poder respirar, por favor..” ele disse alguma coisa que nem prestei atenção, só sei que era uma promessa de me tirar dali. Fechou a porta de novo e o homem fez alguma coisa porque o elevador começou a funcionar, para o meu grande alívio. Desceu, e dessa vez parou exatamente no primeiro andar, abrindo as portas me deixando sair. Acho que nunca tinha me sentido tão impotente até aquela hora, me senti uma inútil, um ninguém. Totalmente sozinha, morrendo de medo, naquele elevador que me sufocava. Mas estava livre. Subi pro meu andar usando as escadas, óbvio! Agradeci o homem de todo o coração e abri a porta de casa. Estava livre! Assim que entrei em casa e fechei a porta, chorei feito criança e jurei pra mim mesma que nunca mais pisava em um elevador.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Não devo estar certa. A vida passando e eu aqui, parada.
Sem nenhum conhecimento sobre o que é sentir o amor, sobre o que é ter alguém ao meu lado.

Sou uma imbecil mesmo, cismo em esperar justo quem eu sei que nunca vai vir.
Devo ser algum tipo de masoquista... acho que eu gosto realmente de sofrer, pelo jeito.

Mas eu não quero desistir. Não agora. Eu até que gosto de guardar você intacto em mim. Não sai do meu lado, por favor.

Eu te espero, eu vou esperar. Se você quiser, se ainda me quiser...

Vem!

Sem tempo, sem pressa, deixa estar.

Vem quando quiser, vem quando precisar. Eu espero...

domingo, 19 de julho de 2009

Mente.

Tenho essa necessidade de me agarrar ao passado, não deixar ele ser esquecido e arquivado em minha mente. Eu não quero que meu passado seja arquivado e com o tempo, esquecido. Queria poder permanecer lembrando, sempre que quiser, com todos os detalhes e as cores e os sentidos. Acho que até as lembranças ruins! Pensando nelas, tenho força para não desistir, não cometer os mesmos erros e acho que crescer. As lembranças que mais gosto ficariam sempre na superfície, para eu lembrar quando quisesse e sentir a mesma coisa que senti na hora e sorrir, levantando a curiosidade dos outros ao ver aquela felicidade repentina surgir em meu rosto.

Por que esquecemos das coisas? Por que as pessoas querem tanto bloquear o acesso às memórias e dizem que viverão só no presente? Não é bom trazer a tona as lembranças – de qualquer natureza – e tornar a viver aquele momento?

Pena que não sou capaz de lembrar de tudo. Na verdade, não lembro de muitas coisas, nem os detalhes, nem nada. Até as coisas que são especiais e únicas: eu esqueço.

Não sei se é algum problema em mim, algum bloqueio que faço sem perceber - e querer!

Mas gostaria de ser capaz de me lembrar de tudo com nitidez. Lembrar os mínimos detalhes, lembrar das faces e dos nomes, do cheiro e do sabor, da sensação. Seria bom e acho que seria ruim.

Cogito a possibilidade de ficar presa nas lembranças e esquecer de viver o presente, com medo de que esse não seja tão bom como as memórias que vejo com a riqueza de informação. E ficaria pra sempre presa na minha própria mente, sem escapatória, vendo e revendo os milhares de arquivos de minha vida, desde a época da infância até agora. E iria saber minha própria história de cor, todas as falas e movimentos, os sorrisos e os prantos, as decepções e os amores. Não iria deixar passar nada, nem um movimento sequer. Detalhes, esses, que sinto falta. Quando quero lembrar de algo, não consigo lembrar-me de tudo, e em alguns casos não lembro de quase nada. Fica aquela lacuna, aquele sentimento de coisa ausente, coisa que faz falta e não poderá ser recuperada jamais, por não saber exatamente onde procurá-la. Em algum lugar elas devem estar. Ou talvez não, talvez elas foram apagadas, expulsas de mim, sem minha autorização. Minha mente adora me pregar peças!

As vezes, vejo memórias que não foram minhas, sinto sensações que não senti. E acho que são reais, mas não são! Resta sempre a dúvida. Já não sei mais o que vivi ou o que foi mentira. As imagens passam pelos meus olhos, rápidas e tão reais que ninguém iria duvidar. Nem mesmo eu.

O que mais dói é saber que aqueles dias que guardo escritos com todo o carinho do mundo, não poderão ser lembrados como queria. Só me resta a vaga lembrança, a ideia do dia. O dia mesmo já foi, já passou, e não poderá ser lembrado exatamente. Ficarão somente os rabiscos mal escritos no caderno e a vaga lembrança do sentimento e pensamento da hora com a letra feita de qualquer jeito, de nervoso e ansiedade.

Mas de que me servem as lembranças que me restam se, quando consigo lembrar, na verdade não lembro de nada?
Fica só aquela ideia fria e sem vida. Não sou eu ali. Não. Não sou. É uma estátua, fria, inerte e morta.

Não quero esquecer, não quero e não posso. Sinto que eu vivo das lembranças, do passado. Eu me agarro a ele com todas as forças, me nutro dele. Acho que é o que me faz ir em frente: o passado. E é o que me faz querer parar e ficar assim pra sempre, lembrando. Por saber que certas coisas não acontecerão novamente, nunca mais.

Eu sei que algumas coisas não serão como as do passado. Nessas, queria me agarrar e não soltar jamais. As falas que não serão mais ditas. Por medo, vergonha ou qualquer que for o motivo. As separações que poderiam ter sido evitadas, as que não poderiam... Eu poderia para sempre lembrar das pessoas antes de me separar delas. Mas não consigo.

E não acho que isso seja bom. Eu quero poder reviver os momentos felizes que tive e que são tão difíceis de acontecer!

Os momentos onde me senti amada e pude amar. Os momentos em que pude rir sem medo e chorar também. Onde não tive de me preocupar com nada e onde tive preocupações que quase me deixaram louca. Onde pude trocar palavras doces com quem achei que nunca trocaria. Onde ouvi da boca de quem gostaria as mais lindas palavras: tão simples e mesmo assim tão complicadas e cheias de um significado. E de outros significados ocultos. Onde conheci quem gostaria e arquitetei planos bobos que nunca se realizaram.

Aqueles dias onde passava algum tempo com os amigos e até mesmo sozinha. Não lembrarei de nada!

É cruel, doloroso... Ver minhas memórias todas espalhadas por ai. Saber que só o que resta são as anotações que são rascunhos. São linhas duras que nada revelam. Não são nada. Não descrevem nada, não me fazem sentir nada. São apenas palavras jogadas de modo a formar frases. Frases que remetem a algum momento de minha vida, mas são superficiais demais.

E não lembrarei de mais nada. Um passado inteiro esquecido, jogado para o nada. Um passado que vivi e nem pareço ter vivido. Passado sem lembranças, passado que parece não ter passado. Um passado novo? Pois parece.

Alguns diriam que essa é a chance perfeita para deixar tudo pra trás e começar de novo, do nada. Não consigo. Eu sou o que vivi, eu me alimento disso. É de onde tiro forças, no passado. É de onde tiro minha felicidade, do passado. O presente não me satisfaz. O futuro é incerto e me preocupa. O passado me parece um lugar seguro.. com suas restrições. Sei que consigo bloquear as memórias ruins – que todos possuímos. Mas queria ter livre acesso às memórias boas, e pareço não ter.
A memória só pertence a mim por alguns dias. Depois, começo a esquecer e vou esquecendo... esquecendo... e quando quero lembrar já não posso mais, a memória já não é mais minha.

E como farei então, se é do passado que vivo? Se é das poucas alegrias que tive de onde tiro a vontade pra seguir em frente?

Se a vida andava perdendo o gosto, agora sim perdeu completamente.
Se pelo menos pudesse sentir de novo aquelas coisas boas, voltar aos dias onde fui feliz sem saber e só me dei conta depois... mas não dá. Não dá mais. Não.
As negações teimam em aparecer. Não posso lembrar, não posso continuar assim, não tenho mais a felicidade comigo. Os “nãos” brotam do nada para mim.

E eu que queria tanto um sim... um sim somente. Não é pedir demais. “Você pode lembrar. Lembre.”

E eu lembraria de tudo. Até do que queria bloquear. Seria bom. O gosto pela vida talvez voltasse... talvez não... mas pelo menos eu teria meu refugio de sempre, a fortaleza segura, os braços que me amparam. Não são braços reais, nem quentes eles são. Mas de algum modo me dão conforto e segurança. São braços que nunca possui em minha volta, são braços que me fazem falta agora que os perdi. E nem sei se voltarão...

Terei de aprender a viver sem os braços em volta? Irei me sentir insegura, como se eu fosse uma criança andando pela primeira vez, sem a ajuda dos pais. Sem os braços que me seguram e amparam, vou ter de aprender a andar com as próprias pernas, de uma vez. Isso me aterroriza, me deixa nervosa. Nunca estive sem os braços antes, não sei como será. Nem sei se posso seguir sem tê-los. Mas algo dentro de mim me diz que eles não voltarão a me abraçar. Então não tenho escolha. Ou aprendo a andar sem eles, ou ficarei parada. E o tempo passa, passa rápido, em um piscar de olhos. A minha fortaleza não existe mais, o presente parece ser tedioso, sem cor e o futuro me aterroriza por eu não saber o que me espera, o que será de mim.
Mas essa é minha história: um começo esquecido, um meio que não é vivido e o final que ainda não escolhi.

E mesmo com tudo isso, continuo vivendo. Não sei se posso chamar de viver, mas o chamo. E o tempo passa rápido pelos meus olhos. E a mente que quer, mas não é capaz de lembrar. E as memórias todas jogadas como folhas ao vento, sem destino certo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mas eu não quero lembrar...

Por que insistia em dizer que havia outro em seu coração, se eu sabia que não era verdade?
Por que fingia que estava tudo bem, se eu sabia que não estava?
Por que fugia tanto da realidade,
E insistia tanto nos erros e se machucava?

E se foi assim, rapidamente.
Fugiu de meus braços e visão.
Foi algo que aconteceu tão de repente
Que em um instante me vi sem um apoio, um chão.

Tudo que existia pra mim
Em um segundo, não existia mais.
Foi como se nunca estivesse ali
E eu tenho medo que de lembrar eu não seja capaz.

E eu lembro dos poemas que fazia
Enquanto pensava em seus olhos, em seu jeito
E eu lembro que, depois de feito,
Transformava o poema em melodia,
Jurando pra mim mesmo que te mostraria um dia.

Mas nunca fui capaz de mostrar,
E nem serei.
Já se foi, guiada pra longe.
Pra onde não sou capaz de alcançar
Pra onde não mais lhe verei.

Agora lhe canto essas canções.
Quem sabe você ainda não possa me ouvir...
Nesse lugar onde se encontra agora.

E eu, fico cá com as emoções,
que me controlaram por inteiro. E já não posso mais fugir
dessa dor que me invade e controla.

Do nosso último encontro, não quero lembrar
Onde questionei o por quê de eu tanto te amar
Onde disse que minha vida estava sendo em vão
E quando você veio, tentando falar
Eu já não quis ouvir, já não quis conversar
E soltei, quando pegou na minha mão.

Agora, penso que não vou mais poder voltar atrás
E consertar os erros que eu cometi
Pedir desculpas? Não serei capaz
Para sempre, te perdi.

E eu não quero acreditar que esse é o fim
E eu não vou aceitar que acabou pra mim.
Como vai ser quando eu acordar
E saber que nunca mais vou te ver?
Saber que não vou ver você rir ou chorar
Saber que é assim que vai ser...

E eu não quero pensar no quanto vou sofrer
Ao lembrar de ti, a todo segundo
Já que está em toda parte do meu mundo
E o coração que teima em doer...
Sabendo que o seu não bate mais.
A vida sem você já não me satisfaz
E nem faz sentido pra mim!
Não consigo acreditar, não vou aceitar jamais
Que você se foi assim, simplesmente.
Que sua vida chegou ao fim.
Não vê que de você sou dependente?
E que sem ter você eu me machuco mais...!

E não quero pensar que não vou mais te ver
Não vou mais sentir sua mão sobre a minha.
Será que é assim a minha sina?
Meu pagamento pelos erros: sofrer.
Não vou sentir seus lábios sobre os meus
Nem ouvir suas palavras de amor...
Não vou mais pousar meus olhos nos seus
E pensar nisso, só me traz mais dor...

Agora, se encontra inerte, fria.
Diferente do que já foi, um dia
Tão quente... tão cheia de vida.

Nem parecia que estava ferida.
Estava sempre feliz, a rir sem motivo.
E escondia sobre a máscara, em um esconderijo
onde ninguém poderia entrar,
todas as mágoas que foram acumuladas
durante os anos. Estão ali imaculadas
esperando o momento certo para sarar.

Seu sofrimento acabou, se foi por completo...
Meu futuro que agora é incerto...
Vou viver a vida simplesmente,
esperando o dia onde poderei te encontrar
no extremo céu para, eternamente
vivermos e amarmos sem chorar!

Esqueça!

Mas diz, por que você tem tanto medo?
Acha que eu feliz não a faria?
Solidão, desafeto, desapego.
Te quero tanto, tanto te amaria..

Dê a chance pra tirar de ti as mágoas que lhe restam
Dê a chance pra mostrar-lhe o que posso fazer.
Dê a chance pra que eu possa te fazer sonhar de novo
Dê a chance pra que ao seu lado eu possa amadurecer.

Me diz, foge tanto de que?
Não sou bom o bastante pra você?

Por que insiste em dizer que há outro, se sei que não há?
Tem medo de se machucar outra vez?
Por que persiste no erro de não querer amar?
Estupidez.

As sombras do passado vêm te atormentar?
Fazendo com que lembre do que não queria lembrar
Fazendo com que voltassem os sentimentos antigos
Que há muito julgou terem sido esquecidos.

E eu não quero lembrar do que você me disse
de que sentimento talvez não existisse
de que nunca poderia amar alguém, ele somente.
De que queria esquecer mas não consegue,
de que não mais ama, ri ou sente.

E eu quero esquecer o que parece impossível.
Quero ser forte, longe, inatingível.
Pra que não possa me machucar nunca mais.
Quero esquecer-te por completo
Apagar-te do meu coração que está repleto
de lembranças e recordações que a ti remetem
Esquecer de ti, não lembrar jamais.
Parece que as coisas se repetem!
Gostaria de jogar meu passado todo para trás
para que um dia ao lembrar de seu rosto, eu seja incapaz
de sentir o que sinto por você agora.
Mas as sensações não vão embora.

E eu não tive a coragem de pegar em sua mão.
Te livrar dos medos, dos fantasmas que a ti andam cercados.
E dizer pra ti que estava tudo bem. Achei que seria em vão.
E julguei não ser capaz de curar seus machucados

Decorei com exatidão o que queria lhe dizer naquele dia.
Mas não consegui, ao te ver ali. E só olhava, enquanto você dançava e ria.
Te fiz poemas,cartas, melodias. Ensaiei as tantas juras de amor que te fiz.
Pensava no momento certo em que eu te falaria
que o que quero mesmo é te fazer feliz...
Falhei, não fiz o que queria fazer.
Só me resta agora viver com o anseio
De voltar ao passado para refazer
Aquilo da qual nunca consegui.
Pra sonhar em ter morrido em seu seio
No futuro que viria e eu não vi.

Se tivesse tomado as escolhas certas
Talvez hoje estivéssemos juntos, talvez não...
Pelo menos não viveria com essa sensação
De não ter feito tudo o que podia
De que poderia ter vivido a maior alegria
Se tivesse te mantido em meu coração.

Mas quis te arrancar de lá, tirar tudo.
Mesmo sabendo que no fundo,
iria me arrepender.
E arranquei, joguei fora, ao vento
A sensação, memória e pensamento
Pensando que nunca mais ia sofrer

E então pensei ter feito a escolha certa
E pensei ter alcançado minha meta
De te esquecer e te deixar em paz.
Ah! Mas que engano, que escolha incorreta
Sacrificando o sentimento, sacrifiquei-me inteiramente.
Vida nesse corpo não há mais.
Respiro mas não vivo realmente.
Já que sensações, este coração já não sente
E acho que não voltará a sentir jamais...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um sim...

Declarou-se para ela nas férias. Não foi pessoalmente, mandou-lhe uma carta. Escreveu-lhe tudo o que sempre quis dizer... e não conseguia. Colocou ali seus pensamentos, seus sonhos e desejos que ela nunca nem imaginara. Disse que a amava, que era a primeira - e se quisesse, seria a única de toda sua vida.

Deixou o pequeno papel embalado por um envelope branco debaixo da porta dela. Sentiu medo, sentiu o coração batendo de adrenalina. Por minutos pensou em pedir a carta de volta. Não esperou a menina abrir a porta e vê-lo ali. Saiu correndo.

Longe dali, parou por alguns minutos. Ai! Esse coração que teima em bater! Teima em deixar-nos sem ar, sem forças!

Sentiu as pernas bambas e sentou-se ali mesmo, na calçada. Respirando por alguns instantes até ter o fôlego necessário para voltar pra casa. Talvez nem voltasse, queria perambular sem rumo, imaginando o rumo que sua vida iria tomar. Um sim com certeza mudaria sua vida. Um sim... e não é isso que todos queremos? Sim

Em todas as situações. Desde pequenos ansiamos essa palavra. Queremos a aceitação, as afirmações, os tantos “Sims” que existem por aí. Não queremos ser privados de nada... Com um sim, um leque de possibilidades se abre, se expande.

Esperou ansiosamente pela resposta dela. Por vezes pensava que não queria sabê-la, porém a vontade de receber aquele “sim” era maior e o tomava inteiro. O medo da rejeição estava presente, claro que estava, mas preferia pensar em coisas positivas.

Afinal, estava de férias. Era a época perfeita para uma declaração de amor. Não iria vê-la na escola e não teria de encará-la frente a frente para ouvir sua resposta.

É, foi melhor desse jeito. Olhando para seu rosto não saberia o que dizer. Nunca soube. Sempre que a olhava perdia o rumo e os objetivos. Era muito bom com palavras, sabia disso. Escrevia poemas e histórias inteiras, todas elas com começo, meio e fim. Decidiu tirar proveito da situação, usar o dom em seu favor. Começou a escrever então o começo de sua história: a declaração para ela. Sabia o começo, talvez o meio. O fim? Esse não tinha como. Dependia só dela. As decisões estavam naquelas mãos e só a elas cabiam o fim da história, e o começo de uma ainda maior. Era como um ciclo. Uma vida inteira junto dela, a menina que amava, toda uma história construída...ou não.

E só de pensar que poderia dar certo. Pensar que os dois ficariam juntos, acordariam juntos, dormiriam juntos, chorariam juntos.. deu-lhe uma alegria tão grande, uma paz de espírito tão suprema que todos ao vê-lo compartilhariam da mesma paixão que ele, acreditariam – junto dele - no amor.

Ali onde estava, só pensava nela. Ela, a mulher de sua vida e dona de seu destino.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

De um pai

Menina-moça ou moça-menina?
Já não sei mais o que ela é.
Olhar de Criança
Pensamentos de mulher...
Já não quer mais brincar com as bonecas
As deixa de lado, agora.
Se interessa por livros que falam de amores
Esquecendo das coisas de outrora.

E quando passa pela sala, sempre se olha no espelho
Fitando o corpo novo, esguio e belo
Observando as mudanças que agora já são notadas.

Pode-se ver a mulher, presa no rosto de pequena.
Já quer crescer, já cresceu...
E eu que achei que seria eterna!
O pequeno botão de rosa, floresceu.
Virou rosa, virou flor bela.

Ainda há restos daquela menina...
Guardados em seu coração.
Logo mais serão esquecidos...
Só minhas lembranças ficarão.

Lembrarei dos dias de colégio
Onde ia, segurando minha mão
Brincava pela rua, traçava caminhos.
Andava sempre olhando o chão.

E de como seus olhos brilhavam
quando encontravam os meus
Ia toda contente ao meu lado, sorria
Enquanto fitava os céus.

Pois já é mulher, já cresceu
Só o rosto é de criança...
Já amadureceu!
E eu digo adeus àquela pequenina
Que agora é moça feita
Onde nos meus braços já não se aninha
E neles não mais se deita.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Jogos

É esse o jogo que você quer jogar? Beleza, vou entrar no jogo. As regras eu aprendo rápido. Só não reclama depois se não aguentar.
Nem venha me dizendo essas coisas, nem venha tentando ganhar minha atenção. Não quero mais ouvir você falar. Pode ir, vai embora.
Vem assim, todo carinhoso. Pra depois acabar com tudo. Então tá. Vamos ver quem vai ganhar. Vou entrar no seu jogo, vou obedecer direitinho, prometo!

Depois vem dizendo palavras bonitas em meu ouvido, juras de amor eternas, afagos sem fim. Ah, por favor, tenha dó de mim! Não caio mais nessa.

É assim que você quer, certo? Assim será.

Então te peço pra não vir me ver mais. Não apareça na janela, não me traga flores. Não mande cartões com frases feitas, não me jure amores. Será mais fácil se eu não puder te ver. Jogar o jogo vai ser bem menos complicado. Esqueça tudo então. Finja que eu nunca existi. Jogue fora os retratos, as fotografias, as pequenas cartas.
Nossa música nem nossa é mais. E nem nunca foi.

Nada do que julguei ser nosso, realmente era. Farsa. Mentira. Enganação.

Agora só nos resta nosso jogo. Será que o jogo pelo menos é nosso? Ou como todas as outras coisas, esse também é falso?

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Amar

Esse amor nunca foi lá aqueles amores tradicionais. Sempre foi meio incorreto, desde o início. Diferente dos meus outros amores, nesse eu nunca desejei te ter. Era uma coisa estranha e nova. Amar alguém sem querê-la pra si. Claro que mesmo se quisesse não iria possuir. Você já pertence a alguém e fala dela com tanta paixão e admiração no olhar que eu seria realmente uma estúpida se sonhasse em algum dia te ter. Todos veem o brilho no seu olhar, quando fala dela e o amor que sente. Era amor, sem dúvidas. Mas um tipo de amar novo... Eu não sabia classificá-lo. Não era como meus outros amores. Era intenso, forte e cheio de um sentimento de proteção. Querer seu bem-estar, querer sua atenção, querer te ajudar em tudo.

E foi por ser um amor novo pra mim que eu não sabia como tratá-lo. Muitas vezes confundi: amor, amizade, paixão de adolescente?
Já era difícil por você ser o que é. Não digo o que, lhes resta a dúvida.

Por estar em um patamar acima do meu já era aquela coisa de “É paixão de adolescente... coisa boba.. há de passar.” Mas a maldita sensação nova não passava! Parecia crescer e me inundar por dentro. E há dois anos tem sido assim.

Percebi que é amor, sim. Mas um amor puro, sem pretextos ou segundas intenções. Amo seu jeito de pensar, sua inteligência, o jeito como vê as coisas de uma forma tão extraordinária e nova. O modo como nos apresenta um mundo totalmente diferente. Amar a pessoa por inteira, sem querer nada em troca e sem pedir que ela te ame de volta.

Não precisa ser amor correspondido, não nesse caso. É tão bom assim do jeito que é! Aquelas palavras de afeto e consideração que trocamos, os momentos bons que tenho ao seu lado.

Muitos não entendem como pode existir um amor assim. Um sentimento desse. Ficam então dizendo bobagens, falam das coisas que não sabem. É difícil entender que uma pessoa pode amar a outra, sem ser daquele jeito ao qual estamos acostumados?

E não há vários tipos de amor, afinal?

Amor entre amigos, o amor da mãe pelo filho, o amor pelo que é novo, pela inteligência, o amor pelas coisas materiais, pela natureza. Há tantos tipos dele! Por que não entendem logo esse meu jeito de te amar?

Você pareceu entender, quando tentei lhe explicar. Aliás, pareceu saber mais do que eu. Sentia o mesmo... Quem diria!

Acabou dizendo tudo o que eu tramava lhe dizer. Adivinhou pensamentos, tirou duvidas que apareciam em meu rosto mas nunca ousei comentar nada!

E esse tipo de amor novo era também desconhecido por você, até me conhecer! O descobrimos juntos.

E depois de nossa conversa, posso dizer com toda a certeza que te amo. Amo desse jeito novo e estranho, não deixando de ser amor. É o nosso jeito de amar especial, só meu e seu. O nosso jeito de amar que ninguém entende, que julgam sem sentir ou conhecer. Mantemos em segredo então. E é bom olhar pra você diretamente nos olhos, sem ter medo de estar fazendo algo errado, ultrapassando barreiras. Olhar pra você e não ter medo de mostrar a verdade. Você já a conhece e conhecia antes de eu dizer qualquer coisa! Afinal, do mesmo modo que gostei de ti logo da primeira vez que vi, você também fez o mesmo. Gostou de mim, me admirou, quis me conhecer.

Sei agora que sou importante pra você, deixei de ser o que não queria ser e passei a ser amiga. Amiga. Sabe o peso disso? É uma responsabilidade tremenda. Foi meu sonho, meu anseio... realizado. Depois de tanto esforço, tantas palavras ditas, tantas águas que rolaram. Veio-me a revelação – meus esforços ali recompensados.

E o nosso amor que agora é nosso segredo. Só você sabe o que eu realmente penso. Só eu sei o que você pensa.

Aquelas palavras ditas só pra mim. Você na minha frente... Confissões.
Confissões que em meus sonhos te vi fazendo com todas as cores e nunca julguei que seriam reais.

É bom olhar pra você e sorrir enquanto você faz o mesmo – adivinhando meus pensamentos. E os outros fitam sem entender nosso riso livre e sem barreiras. As barreiras se foram, não voltarão mais.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ai, gentileza...

Faz tanta falta no mundo, gentileza. Passando assim rapidamente pela cidade, já pude notar como sua ausência nos faz tristes, minha querida.
Ninguém se preocupa com mais ninguém, hoje em dia. Passam tão rapido, tão depressa e nem olham pra quem passa do lado. Só seguem o caminho pré-programado, imitando máquinas. Fazem a rotina sem se preocupar com o outro do lado.
E as vezes quando vêem, fingem não ter visto. É mais fácil agir assim, mais cômodo,sem imprevisto. Sentem o olhar triste da pessoa ali sentada, na calçada, esperando por ajuda. Sentem o olhar mas nada fazem, aquele olhar mortiço, não abala nem um pouco o homem que passa apressado, rumo ao trabalho.
Pensam que só podem ajudar com dinheiro- Nem sempre é assim. Quem disse que não precisam de um minuto de atenção, uma palavra de carinho, um afago? É tão difícil assim reconhecer e ajudar aqueles que precisam de ajuda, que passam ao lado? Não falo aqui só dos moradores de rua mas de toda a população. Homens, mulheres, crianças, idosos, adultos. Ninguém se preocupa com ninguém. Não, não.
"De que me importa se meu vizinho não é feliz na vida que leva? De que me importa se meu irmão passa por problemas?"

O que notei é que ninguém sabe reconhecer quando o outro faz a coisa correta. Só percebem quando você erra. Aí já te chamam de inútil, te xingam de um monte de nomes. Quando acerta, ninguém vê. "Não faz mais que a obrigação" Rá! Claro que não.
Custa tanto assim elogiar alguém? Fere o orgulho, a reputação?

Quem não gosta de elogio? Uma roupa bonita, um trabalho bem feito, uma escolha correta. Coisas que passam desapercebidas e nem deveriam passar.

Ah gentileza, em que mundo você foi parar?

Parece que quando você se ausenta, as coisas simplesmente não funcionam. A sra educação parece não gostar de ficar sem ti e acho que vai embora, te procurando. A srta compaixão também se vai.
E o que nos resta, agora?

Não quero mais ficar com o sr ignorância. Ele não nos ouve, ele nem nos vê. Passa reto, sem dar razão e nem porquê...

Deixo aqui a minha súplica. Volte logo, por favor. Quem sabe com você por perto, o mundo não ganha mais amor. :D

Caminhos

Pensei em muitas coisas antes de escrever esse texto. Passeando pela cidade, pensei em escrever sobre ela. São Paulo e suas luzes, suas cores, sua gente... Soa como um bom tema, não? E até que tinha idéias na mente. Já sabia mais ou menos o que escreveria... pena que não possuia um caderno, um papel, uma caneta. E, assim como veio, a idéia se foi rapidamente. Nada pude fazer sobre isso. Quando sentei-me na frente do computador para escrever já havia me esquecido de quase tudo. Sobrou-me apenas a vaga idéia.
Pensei em escrever também sobre gentileza. É algo que tenho pensado muitos nos ultimos dias e talvez escreva algo, quando possuir de mais tempo disponível.

Por ora, me contento em escrever sobre os caminhos que a vida pode levar.
Nunca achei certa essa coisa de "Nasci para ser isso, nasci para ser aquilo." Não acho que uma pessoa tenha nascido realmente para algo. Não há uma pessoa que nasça para ficar com outra. Não há uma pessoa que nasça para determinada profissão.
Creio eu que são os caminhos que nos levam a essas escolhas. Do mesmo modo que não posso dizer "Nasci para escrever." mesmo que eu goste muitíssimo disso e queira fazer disso uma profissão um dia, quem sabe.
No meu caso, a idéia toda de escrever me veio porque sempre precisei conversar com alguém. Quando pequena eu havia meus problemas, coisas bobas mas que pra mim eram importantes e eu não os compartilhava com ninguém. Nem acho que era por vergonha. Acho que era mais por que ninguem parecia querer ouví-los.
Quando eu não sabia escrever, até contava os problemas pra minha mãe ou algum outro parente. Mas nem eles se mostraram bons ouvintes. Ouviam meio que para não me magoar e eu sabia que no fundo, ninguém queria saber dos pensamentos ou idéias malucas de uma criança.
Logo que entrei na escola e comecei a escrever, conheci novas pessoas. Fiz colegas. Não os chamo de amigos -apenas um ou dois de lá. Nunca pareceram aceitar meu jeito de ser. E eu achava que o problema era comigo, minha mente que não funcionava do jeito da mente delas. Eu era um extra-terrestre, na minha visão.
Era sempre a excluida dos passeios, das festas, dos convites para brincar na casa de outro colega. "Não chamem ela não, ela é estranha." era o que eu ouvia frequentemente. Crianças podem ser bem maldosas quando querem, acho que por influência dos pais. Ouvem o pai dizendo algo e já enraizam aquilo no pensamento, sem julgar se é certo ou errado. Esse é o maior problema.

Então cresci sendo sempre a excluida, a renegada. Meninas não falavam comigo, acabei andando só com moleques, na minha infância inteira. E hoje, olhando, vi que foi bem melhor. Agradeço imensamente por não ter crescido junto daquelas meninas com pensamentos pequenos. Os meninos eram bem mais legais: livres e sem regras. E o melhor de tudo é: não eram falsos. Não cresci no mundo cheio de regras das meninas, não fui aquelas meninas cheias de bonecas e roupinhas de renda. Fui uma menina-moleque, com calças largas, roupas de menino.
E fui bem mais feliz assim. Hoje, olhando para trás vi que não era eu a errada, a que a mente não funcionava direito. Eles eram. Eles que possuiam enraizados esse sentimento de não aceitar o diferente. Eles que cresceram com essa idéia na mente, por culpa dos pais. Minha mãe sempre me mostrou que as pessoas eram diferentes, ninguém pensava igual ao outro e me mostrou que isso era algo bom! Não algo a se temer ou algum tipo de ameaça. Sempre cresci com esse pensamento de que somos todos diferentes e mesmo assim, de certo modo iguais. Mas isso é idéia para um outro texto. Voltemos a ideia desse.

O fato é que nessa época eu pensava que eu possuia algum problema, alguma coisa. Cheguei chorando em casa várias vezes, por não me "encaixar" nos grupos. E minha mãe me ouvia sempre, não nego. Vocês sabem como é a preocupação de mãe. Mesmo assim sempre achei que eu era uma pedra no sapato falando dos meus problemas sendo que ela possuia os próprios para resolver.
Então comecei a escrever tudo o que eu sentia ou pensava. E descobri assim um mundo totalmente novo. Escrevendo, eu me via no papel. Eu me colocava ali, nele. Aquele papel que antes só servia para escrever as matérias da escola, para mim, se abriu como um leque, me mostrando experiências totalmente novas.

Os caminhos me levaram a escrever porque precisei de algo que suprisse essa minha necessidade por conversa, por diálogos. Hoje em dia, possuo vários amigos que são minha vida, são meu porto seguro. Conto para eles muitos dos meus segredos e mesmo assim, vem aquela sensação antiga que parece me dizer "Você é um problema, ninguém ouve o que você diz". E acabo sempre deixando alguns segredos de lado, pelo fato de que não quero que eles se cansem de mim para não perdê-los e ficar sozinha, como antes.É um medo bobo mas vem desde a infância... Não sei se consigo mudar.
Mas o que quero dizer é que eu não nasci pra escrever, foi apenas uma necessidade que eu possuia e a supri pela escrita.
Do mesmo jeito que ninguém nasce pra outra pessoa. Essa história de "Eu nasci para me encontrar com você e para que ficássemos juntos a vida toda." é mentira. Você apenas encontrou uma pessoa que faça você se sentir bem, se sinta segura. Uma pessoa que de certo modo te completa. Você se acomoda e fica com ela. Sorte de quem acha uma pessoa assim. Muitos passam a vida inteira procurando e não a acham. Então, esses que procuram incansávelmente e terminam sozinhos foram "castigados" por Deus? Se as pessoas já estão destinadas a ficarem umas com as outras, desde o nascimento, por que esses não possuem ninguém? Por que eles são postos em uma posição de inferioridade? Eles não merecem ter alguém, como os outros? E se eu for uma dessas escolhidas? Eu terei que ficar assim, sozinha, só pra meio que "pagar" por um erro ou pecado que nem sei se cometi? Desculpem, eu é que não vou ficar sozinha. Ah, doce solidão! Cansei. E se o caminho da minha vida for realmente esse, trato logo de mudá-lo.
Será que esse pensamento é porque eu ainda não achei alguém que queira ficar comigo? Pode ser que, quando eu a achar, eu mude a opinião sobre isso e realmente ache que uma pessoa está destinada a outra desde que nasceu. Por ora, minha opinião não muda.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Experiência

Não tenho lá muita experiência de vida. Não senti dores avassaladoras, não passei fome. Sempre tive tudo que precisei assim, de mão beijada. E, na verdade, nem sei o que significa sofrer. Todos os sofrimentos não são quase que nada, comparados a outros maiores que os meus. Sofrimentos amorosos, valem de que? Quando não se tem comida, casa, conforto, o amor é a ultima coisa da qual você lembra.
Não sei ainda o que é sofrer de verdade, e eu espero não precisar sabê-lo. Em verdade, não sei se quero saber ou não... Talvez se soubesse, mudasse. Talvez não.
O fato é que nunca precisei fazer sacrifícios. Era só chorar um pouco, fazer uma cara triste e eu ganhava. Quando minha mãe não podia me dar o que eu queria – por falta de dinheiro ou outro motivo – eu esperava. Quando ela podia, ela dava. Nunca deixou faltar-me nada do que quis. Dizia que queria que eu tivesse tudo o que ela não pôde ter quando possuia minha idade.
Até hoje é assim. Eu não sei o que é ter que cuidar de irmãos, cuidar da casa, trabalhar. Nunca precisei. E não sei como seria se eu precisasse. Talvez eu fosse menos boba, talvez eu soubesse de muitas coisas que hoje ainda não sei, talvez eu aprendesse a não confiar tanto nas pessoas.
E essas coisas serviriam de alguma coisa? Ter essa vivência toda, serviria para algo? Certamente iria servir para a vida, para que eu soubesse “viver nesse mundo”. Sem ser enganada, passada pra trás. Mas e como pessoa? Isso me tornaria melhor?
As vezes me acho uma inútil. Não sei cozinhar,não sei fazer coisas comuns do cotidiano, nem sei limpar a casa. Isso foi porque nunca precisei, eu sei disso. Talvez um dia se eu precisar fazer alguma dessas coisas, eu aprenda assim, meio na marra. Necessidade.
A única coisa que faço é estudar. Decorar as tantas fórmulas, nomes, datas que jogam na nossa frente.
Não tenho certa “manha”, não sei certos macetes que me seriam úteis no decorrer da vida. Agora, pergunte-me sobre física , química, biologia. Eu lhe responderei.
E eu sei lá se isso é bom ou ruim...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A idade

E a idade vem chegando assim, na surdina. 15 anos. E eu nem vi o tempo passar. 15 anos de amores, de doenças, de risos, de abraços, de amizades perdidas e feitas. 15 anos onde pessoas especiais vieram e logo se foram e outras vieram pra ficar. Algumas invadiram o coração, assim sem querer... E parece até que foi ontem que minha mãe me pegava no colo e brincava comigo. O tempo onde eu e meu irmão éramos mais unidos. Agora quase não nos vemos e, quando nos vemos, não nos falamos. Nós simplesmente não temos nada a dizer - Na verdade, até temos...mas acho que ele é assim como eu e nada fala.

Invejo tanto aquelas pessoas que são próximas aos irmãos, aos familiares... Não me sinto próxima de nenhum deles e não sei se isso é algum relaxo de minha parte ou se sou assim e ponto. Talvez o fato de meu irmão ser 10 anos mais velho que eu signifique algo. Eu não poderia acompanhá-lo nos lugares onde ele vai e nós temos amigos, gostos diferentes.

Mesmo assim, sempre quis ser mais próxima dele. Quando criança, eu me lembro que o invejava muito. Ele podia jogar bola, ouvia as músicas mais legais, suas coisas eram mais legais que as minhas e ele não ficava doente como eu ficava. Ah, e como eu ficava feliz quando brincávamos juntos! Corríamos pela casa, nos escondíamos nas cortinas, nos armários. E eu ficava feliz quando ele cuidava de mim enquanto eu estava doente - até hoje ele cuida.

Tenho que entender também que ele possui a vida dele: Estuda, trabalha, possui seus amigos, relacionamentos. Uma vida completamente diferente da minha.

Enfim, amanhã é meu aniversário. Vamos sair- eu, ele e minha mãe. Segundo eles, vamos para onde eu quiser. Vou aproveitar esse tempinho que eu tenho com eles para sentir que nossos laços estão mais unidos. Nem só de amigos vive uma pessoa e, desses tempos pra cá, eu sinto como se estivesse "virando as costas" pra minha familia. Muitas coisas que eles fazem eu não concordo, eu não gosto, eu discuto. Mesmo assim, me ajudaram e apoiaram em (quase) todas as situações e sei que são eles que irão me apoiar. Mesmo não tendo laços tão fortes assim com meu irmão, eu sei que posso contar com ele.

Meu jeito de ser não é lá muito fácil de se conviver... Sou birrenta, quero tudo na hora e do jeito que quero, não aceito um não como resposta e mudo de humor rápido demais. E o pior é que eu só estouro quando estou com eles. Me sinto culpada...Muitas vezes eles não tem culpa de nada e eu acabo dizendo coisas sem querer dizer, magoando ambos.

Esse aniversário pelo menos irá servir pra me aproximar de gente distante- tanto amigos quanto parentes. Pedir desculpas, abraços e conversar sobre qualquer coisa. Com o tempo eu aprendo. E, nesse ponto, a idade não trouxe só coisas ruins - como muitos teimam em dizer. Trouxe uma chance de eu me reaproximar da minha familia e tentar recuperar o tempo que passei pensando em mim e nas outras pessoas mas esqueci das mais importantes. Recuperar o tempo perdido porque, afinal, com 15 anos se pode fazer o que quiser.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Se aqueles sonhos...

Ah se esses sonhos que ando tendo fossem reais.. ai se fossem para sempre assim... Acordar sempre com um sorriso no rosto não é nada mal, certo?

Afinal, sonhar com você é isso: Felicidade. Pensar em você é isso, felicidade. Só o fato de pensar.

Aquelas besteiras, risadas. Pegar você cantando alguma música... nossa música.

Sonhar. Sonhar é viver, viver é sonhar. Sonhar que tudo vai ficar bem, sonhar com o que quero, sonhar com você...

Seria bom se todos os dias fossem assim, um sonho. Como os tantos sonhos onde você apareceu só pra mim. Onde pudemos ter um momento só nosso, impossivel de acontecer na realidade.

Mas os sonhos são pra isso, não são? Fazer acontecer o impossível.

Nem sempre possuem algum sentido, mas também, nem a vida o possui! E como é bom que assim seja: livre, desconexo.

Afinal, que graça teria se seguisse algum padrão?

Ah, como é bom sonhar com coisas que sei que nunca aconteceriam, sonhar com um beijo, um abraço, um carinho!
Essas coisas secretas que mantenho no pensamento e na vontade...

Aquela vontade de pegar na sua mão, entrelaçar nossos dedos. Pousar meus olhos nos seus sem culpa, sem vontade de mudar. E quem me derá se fosse sempre assim...

Creio que o unico defeito dos sonhos é acordar deles e descobrir que nada era real. Acordar e ver que as coisas não são exatamente como imaginamos, no nosso mundo perfeito dos sonhos.

O que mais dói é olhar pra você, lembrando dos sonhos, e saber que nada é tão perfeito. Saber que você pode estar perto e mesmo assim está longe. Impossivel te alcançar...

Pois, deixem-me no mundo dos sonhos, por favor!
Para que eu possa viver na liberdade, sem choro, sem dores, sem saudade... Onde a vida seria somente eu e você assim, juntinhos. E a nossa vizinha seria a felicidade!

E mesmo se a vida fosse feita de rotinas, todo dia seria especial. Tendo você ao meu lado, de que importa o cotidiano? Nada seria igual!

De que importa viver a realidade, se nos sonhos eu posso ser feliz, afinal?

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Adeus...

Não vou te esperar pra vida inteira. Você deve saber disso. Eu cansei, cansei mesmo. Pra quê ficar com braços abertos se você não virá? Isso só serve pra cansar. Você nunca vai me pertencer. Segue sua vida, eu sigo a minha. Quero viver.

Respirar enfim. Gritar pra quem quiser ouvir: não te quero mais pra mim.

Pois é, acabou. Eu vou conseguir, já estou conseguindo.

Não quero ver você de novo. Quero esquecer o timbre de sua voz. Não quero lembrar nem de seu rosto e esquecer que um dia houve um “nós”.

Agora sou só eu. Você não está mais na jogada. Não pensou quando me abandonou por outra, quando me deixou aqui, chateada.

Não quero mais. Quero ser livre. As feridas no peito hão de sarar. Hão de ser curadas por um outro alguém que saberá me valorizar.

Valor esse que você não deu. Esse mesmo que pra você nunca existiu. Não soube cuidar do amor meu, amor esse que agora se extinguiu.

Viva sua vida. Eu vou seguir com a minha.

As linhas do destino não vão mais se unir.

Já era fato, elas nunca se uniriam. Mesmo assim doeu ver você partir.

Seja feliz, com quem estiver. Nunca lhe desejei o mal.

Estou pronta pro que der e vier. Nossa história agora tem um final.

Acabou. Adeus.

Vou cuidar dos sonhos meus. Porque assim posso ser feliz.

Felicidade não iria existir em seus braços.

Seria uma coisa falsa, seus beijos e seus abraços.

Esse afago que eu tanto queria,

Você não seria capaz de dar

Eu mereço alguém melhor

Alguém melhor para amar.

Não é homem feito, nem sei se será.

A saudade baterá no peito. Mas ela há de passar, sei que há.

Quero agora esquecer. Acima de tudo, não quero lembrar.

Esquecer as lembranças que antes eram valiosas

Esquecer sem ter que chorar.

Não quero mais saber de ti

Fique bem, aí, com a outra.

Que eu cá, não quero ser mais louca.

Louca por um abraço ou um olhar teu

Louca por alguém que não mereceu

Meu amor por ti feneceu.

Foi bom enquanto durou.

Agora, acabou.

Por tudo o que é mais sagrado,

Deus sabe o quanto você foi amado.

Meu amor? Dei-te de bom grado.

E mesmo assim você rejeitou.

Dei-o para ti sem pedir nada em troca

Bastava saber que você também sentia.

Agora, quero o amor de volta.

Devolva-me, devolva-me o amor que por ti eu nutria.

Nem venha me ver. Esse seu olhar perdido.

Não vou ter dó. Isso agora é antigo.

Agora, estou em busca de um novo amor.

Que saiba ser o que você não soube ser

Uma paixão louca e incondicional

Que me traga novamente o êxtase por viver.

O fascínio que você me causava

Agora se transformou em indignação.

Seu carinho, coisa pelo qual sempre ansiava,

Agora, quero esmagar com a palma de minha mão.

Se é assim que você quer, assim vai ser.

Vou fazer o que você solicita.

Da sua frente, vou desaparecer.

Lembrança maldita!

Se antes não queria esquecer

Agora anseio por isso.

Para respirar, enfim viver

Sorrir, verdadeiro riso.

Não esse riso falso que eu dava

Desde que você partiu

Pois a alegria de minha vida você levou

A tristeza e a ausência foi tudo o que sobrou

Meu coração se tornou algo frio.

Eu segui a vida, como um rio.

Ia por onde era guiada.

Seguia a correnteza, abandonada.

Meus sentimentos por um fio.

Mesmo assim eu ainda possuía perspectiva

De fazer parte de sua vida.

Agora eu sei que fui tola

Nunca haverá espaço em sua mente

Então pra quê continuar tentando?

Levando essa vida descontente.

De braços abertos? Por você nunca mais.

Já foi, já era, acabou.

E eu não vou voltar atrás.