segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ai, gentileza...

Faz tanta falta no mundo, gentileza. Passando assim rapidamente pela cidade, já pude notar como sua ausência nos faz tristes, minha querida.
Ninguém se preocupa com mais ninguém, hoje em dia. Passam tão rapido, tão depressa e nem olham pra quem passa do lado. Só seguem o caminho pré-programado, imitando máquinas. Fazem a rotina sem se preocupar com o outro do lado.
E as vezes quando vêem, fingem não ter visto. É mais fácil agir assim, mais cômodo,sem imprevisto. Sentem o olhar triste da pessoa ali sentada, na calçada, esperando por ajuda. Sentem o olhar mas nada fazem, aquele olhar mortiço, não abala nem um pouco o homem que passa apressado, rumo ao trabalho.
Pensam que só podem ajudar com dinheiro- Nem sempre é assim. Quem disse que não precisam de um minuto de atenção, uma palavra de carinho, um afago? É tão difícil assim reconhecer e ajudar aqueles que precisam de ajuda, que passam ao lado? Não falo aqui só dos moradores de rua mas de toda a população. Homens, mulheres, crianças, idosos, adultos. Ninguém se preocupa com ninguém. Não, não.
"De que me importa se meu vizinho não é feliz na vida que leva? De que me importa se meu irmão passa por problemas?"

O que notei é que ninguém sabe reconhecer quando o outro faz a coisa correta. Só percebem quando você erra. Aí já te chamam de inútil, te xingam de um monte de nomes. Quando acerta, ninguém vê. "Não faz mais que a obrigação" Rá! Claro que não.
Custa tanto assim elogiar alguém? Fere o orgulho, a reputação?

Quem não gosta de elogio? Uma roupa bonita, um trabalho bem feito, uma escolha correta. Coisas que passam desapercebidas e nem deveriam passar.

Ah gentileza, em que mundo você foi parar?

Parece que quando você se ausenta, as coisas simplesmente não funcionam. A sra educação parece não gostar de ficar sem ti e acho que vai embora, te procurando. A srta compaixão também se vai.
E o que nos resta, agora?

Não quero mais ficar com o sr ignorância. Ele não nos ouve, ele nem nos vê. Passa reto, sem dar razão e nem porquê...

Deixo aqui a minha súplica. Volte logo, por favor. Quem sabe com você por perto, o mundo não ganha mais amor. :D

Caminhos

Pensei em muitas coisas antes de escrever esse texto. Passeando pela cidade, pensei em escrever sobre ela. São Paulo e suas luzes, suas cores, sua gente... Soa como um bom tema, não? E até que tinha idéias na mente. Já sabia mais ou menos o que escreveria... pena que não possuia um caderno, um papel, uma caneta. E, assim como veio, a idéia se foi rapidamente. Nada pude fazer sobre isso. Quando sentei-me na frente do computador para escrever já havia me esquecido de quase tudo. Sobrou-me apenas a vaga idéia.
Pensei em escrever também sobre gentileza. É algo que tenho pensado muitos nos ultimos dias e talvez escreva algo, quando possuir de mais tempo disponível.

Por ora, me contento em escrever sobre os caminhos que a vida pode levar.
Nunca achei certa essa coisa de "Nasci para ser isso, nasci para ser aquilo." Não acho que uma pessoa tenha nascido realmente para algo. Não há uma pessoa que nasça para ficar com outra. Não há uma pessoa que nasça para determinada profissão.
Creio eu que são os caminhos que nos levam a essas escolhas. Do mesmo modo que não posso dizer "Nasci para escrever." mesmo que eu goste muitíssimo disso e queira fazer disso uma profissão um dia, quem sabe.
No meu caso, a idéia toda de escrever me veio porque sempre precisei conversar com alguém. Quando pequena eu havia meus problemas, coisas bobas mas que pra mim eram importantes e eu não os compartilhava com ninguém. Nem acho que era por vergonha. Acho que era mais por que ninguem parecia querer ouví-los.
Quando eu não sabia escrever, até contava os problemas pra minha mãe ou algum outro parente. Mas nem eles se mostraram bons ouvintes. Ouviam meio que para não me magoar e eu sabia que no fundo, ninguém queria saber dos pensamentos ou idéias malucas de uma criança.
Logo que entrei na escola e comecei a escrever, conheci novas pessoas. Fiz colegas. Não os chamo de amigos -apenas um ou dois de lá. Nunca pareceram aceitar meu jeito de ser. E eu achava que o problema era comigo, minha mente que não funcionava do jeito da mente delas. Eu era um extra-terrestre, na minha visão.
Era sempre a excluida dos passeios, das festas, dos convites para brincar na casa de outro colega. "Não chamem ela não, ela é estranha." era o que eu ouvia frequentemente. Crianças podem ser bem maldosas quando querem, acho que por influência dos pais. Ouvem o pai dizendo algo e já enraizam aquilo no pensamento, sem julgar se é certo ou errado. Esse é o maior problema.

Então cresci sendo sempre a excluida, a renegada. Meninas não falavam comigo, acabei andando só com moleques, na minha infância inteira. E hoje, olhando, vi que foi bem melhor. Agradeço imensamente por não ter crescido junto daquelas meninas com pensamentos pequenos. Os meninos eram bem mais legais: livres e sem regras. E o melhor de tudo é: não eram falsos. Não cresci no mundo cheio de regras das meninas, não fui aquelas meninas cheias de bonecas e roupinhas de renda. Fui uma menina-moleque, com calças largas, roupas de menino.
E fui bem mais feliz assim. Hoje, olhando para trás vi que não era eu a errada, a que a mente não funcionava direito. Eles eram. Eles que possuiam enraizados esse sentimento de não aceitar o diferente. Eles que cresceram com essa idéia na mente, por culpa dos pais. Minha mãe sempre me mostrou que as pessoas eram diferentes, ninguém pensava igual ao outro e me mostrou que isso era algo bom! Não algo a se temer ou algum tipo de ameaça. Sempre cresci com esse pensamento de que somos todos diferentes e mesmo assim, de certo modo iguais. Mas isso é idéia para um outro texto. Voltemos a ideia desse.

O fato é que nessa época eu pensava que eu possuia algum problema, alguma coisa. Cheguei chorando em casa várias vezes, por não me "encaixar" nos grupos. E minha mãe me ouvia sempre, não nego. Vocês sabem como é a preocupação de mãe. Mesmo assim sempre achei que eu era uma pedra no sapato falando dos meus problemas sendo que ela possuia os próprios para resolver.
Então comecei a escrever tudo o que eu sentia ou pensava. E descobri assim um mundo totalmente novo. Escrevendo, eu me via no papel. Eu me colocava ali, nele. Aquele papel que antes só servia para escrever as matérias da escola, para mim, se abriu como um leque, me mostrando experiências totalmente novas.

Os caminhos me levaram a escrever porque precisei de algo que suprisse essa minha necessidade por conversa, por diálogos. Hoje em dia, possuo vários amigos que são minha vida, são meu porto seguro. Conto para eles muitos dos meus segredos e mesmo assim, vem aquela sensação antiga que parece me dizer "Você é um problema, ninguém ouve o que você diz". E acabo sempre deixando alguns segredos de lado, pelo fato de que não quero que eles se cansem de mim para não perdê-los e ficar sozinha, como antes.É um medo bobo mas vem desde a infância... Não sei se consigo mudar.
Mas o que quero dizer é que eu não nasci pra escrever, foi apenas uma necessidade que eu possuia e a supri pela escrita.
Do mesmo jeito que ninguém nasce pra outra pessoa. Essa história de "Eu nasci para me encontrar com você e para que ficássemos juntos a vida toda." é mentira. Você apenas encontrou uma pessoa que faça você se sentir bem, se sinta segura. Uma pessoa que de certo modo te completa. Você se acomoda e fica com ela. Sorte de quem acha uma pessoa assim. Muitos passam a vida inteira procurando e não a acham. Então, esses que procuram incansávelmente e terminam sozinhos foram "castigados" por Deus? Se as pessoas já estão destinadas a ficarem umas com as outras, desde o nascimento, por que esses não possuem ninguém? Por que eles são postos em uma posição de inferioridade? Eles não merecem ter alguém, como os outros? E se eu for uma dessas escolhidas? Eu terei que ficar assim, sozinha, só pra meio que "pagar" por um erro ou pecado que nem sei se cometi? Desculpem, eu é que não vou ficar sozinha. Ah, doce solidão! Cansei. E se o caminho da minha vida for realmente esse, trato logo de mudá-lo.
Será que esse pensamento é porque eu ainda não achei alguém que queira ficar comigo? Pode ser que, quando eu a achar, eu mude a opinião sobre isso e realmente ache que uma pessoa está destinada a outra desde que nasceu. Por ora, minha opinião não muda.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Experiência

Não tenho lá muita experiência de vida. Não senti dores avassaladoras, não passei fome. Sempre tive tudo que precisei assim, de mão beijada. E, na verdade, nem sei o que significa sofrer. Todos os sofrimentos não são quase que nada, comparados a outros maiores que os meus. Sofrimentos amorosos, valem de que? Quando não se tem comida, casa, conforto, o amor é a ultima coisa da qual você lembra.
Não sei ainda o que é sofrer de verdade, e eu espero não precisar sabê-lo. Em verdade, não sei se quero saber ou não... Talvez se soubesse, mudasse. Talvez não.
O fato é que nunca precisei fazer sacrifícios. Era só chorar um pouco, fazer uma cara triste e eu ganhava. Quando minha mãe não podia me dar o que eu queria – por falta de dinheiro ou outro motivo – eu esperava. Quando ela podia, ela dava. Nunca deixou faltar-me nada do que quis. Dizia que queria que eu tivesse tudo o que ela não pôde ter quando possuia minha idade.
Até hoje é assim. Eu não sei o que é ter que cuidar de irmãos, cuidar da casa, trabalhar. Nunca precisei. E não sei como seria se eu precisasse. Talvez eu fosse menos boba, talvez eu soubesse de muitas coisas que hoje ainda não sei, talvez eu aprendesse a não confiar tanto nas pessoas.
E essas coisas serviriam de alguma coisa? Ter essa vivência toda, serviria para algo? Certamente iria servir para a vida, para que eu soubesse “viver nesse mundo”. Sem ser enganada, passada pra trás. Mas e como pessoa? Isso me tornaria melhor?
As vezes me acho uma inútil. Não sei cozinhar,não sei fazer coisas comuns do cotidiano, nem sei limpar a casa. Isso foi porque nunca precisei, eu sei disso. Talvez um dia se eu precisar fazer alguma dessas coisas, eu aprenda assim, meio na marra. Necessidade.
A única coisa que faço é estudar. Decorar as tantas fórmulas, nomes, datas que jogam na nossa frente.
Não tenho certa “manha”, não sei certos macetes que me seriam úteis no decorrer da vida. Agora, pergunte-me sobre física , química, biologia. Eu lhe responderei.
E eu sei lá se isso é bom ou ruim...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A idade

E a idade vem chegando assim, na surdina. 15 anos. E eu nem vi o tempo passar. 15 anos de amores, de doenças, de risos, de abraços, de amizades perdidas e feitas. 15 anos onde pessoas especiais vieram e logo se foram e outras vieram pra ficar. Algumas invadiram o coração, assim sem querer... E parece até que foi ontem que minha mãe me pegava no colo e brincava comigo. O tempo onde eu e meu irmão éramos mais unidos. Agora quase não nos vemos e, quando nos vemos, não nos falamos. Nós simplesmente não temos nada a dizer - Na verdade, até temos...mas acho que ele é assim como eu e nada fala.

Invejo tanto aquelas pessoas que são próximas aos irmãos, aos familiares... Não me sinto próxima de nenhum deles e não sei se isso é algum relaxo de minha parte ou se sou assim e ponto. Talvez o fato de meu irmão ser 10 anos mais velho que eu signifique algo. Eu não poderia acompanhá-lo nos lugares onde ele vai e nós temos amigos, gostos diferentes.

Mesmo assim, sempre quis ser mais próxima dele. Quando criança, eu me lembro que o invejava muito. Ele podia jogar bola, ouvia as músicas mais legais, suas coisas eram mais legais que as minhas e ele não ficava doente como eu ficava. Ah, e como eu ficava feliz quando brincávamos juntos! Corríamos pela casa, nos escondíamos nas cortinas, nos armários. E eu ficava feliz quando ele cuidava de mim enquanto eu estava doente - até hoje ele cuida.

Tenho que entender também que ele possui a vida dele: Estuda, trabalha, possui seus amigos, relacionamentos. Uma vida completamente diferente da minha.

Enfim, amanhã é meu aniversário. Vamos sair- eu, ele e minha mãe. Segundo eles, vamos para onde eu quiser. Vou aproveitar esse tempinho que eu tenho com eles para sentir que nossos laços estão mais unidos. Nem só de amigos vive uma pessoa e, desses tempos pra cá, eu sinto como se estivesse "virando as costas" pra minha familia. Muitas coisas que eles fazem eu não concordo, eu não gosto, eu discuto. Mesmo assim, me ajudaram e apoiaram em (quase) todas as situações e sei que são eles que irão me apoiar. Mesmo não tendo laços tão fortes assim com meu irmão, eu sei que posso contar com ele.

Meu jeito de ser não é lá muito fácil de se conviver... Sou birrenta, quero tudo na hora e do jeito que quero, não aceito um não como resposta e mudo de humor rápido demais. E o pior é que eu só estouro quando estou com eles. Me sinto culpada...Muitas vezes eles não tem culpa de nada e eu acabo dizendo coisas sem querer dizer, magoando ambos.

Esse aniversário pelo menos irá servir pra me aproximar de gente distante- tanto amigos quanto parentes. Pedir desculpas, abraços e conversar sobre qualquer coisa. Com o tempo eu aprendo. E, nesse ponto, a idade não trouxe só coisas ruins - como muitos teimam em dizer. Trouxe uma chance de eu me reaproximar da minha familia e tentar recuperar o tempo que passei pensando em mim e nas outras pessoas mas esqueci das mais importantes. Recuperar o tempo perdido porque, afinal, com 15 anos se pode fazer o que quiser.