domingo, 4 de setembro de 2016

sempre achei que eu era planta, dessas que precisam de suporte pra ficar em pé
Eu gosto de coisa incerta
Eu gosto de procurar algum sentimento nas notícias frias do jornal impresso
E bebida quente, mesmo no calor.
Eu gosto da chuva molhando sapatos e meias e da sensação engraçada de andar com tudo ensopado.
Eu gosto de pronunciar palavras como borocoxô e sentir a língua dançando na boca.
Não sei o propósito das coisas. Também não procuro sabê-lo. E está tudo bem.
Amanhã ficam prontas as fotos e eu tenho medo do seu rosto pelos negativos.
Cortar a língua pra não dizer eu-te-amo
suas fotos de infância, o bairro que você morou quando criança, casa da vó. Acidente de percurso, erro de rota. O poste que caiu na estrada quando eu cheguei. As meias que você me deu ainda estão na gaveta. E a caixinha de madeira ainda guardam as passagens.
pra sair de casa. pra passar o tempo. pra esquecer. pra lembrar. pra distrair.
sentir falta das suas costelas aparentes e da história de como as conseguiu. Tudo é acidente... alguns mais bonitos do que outros, mais rememoráveis. Você é minha costela quebrada, ao acaso, que decidiu saltar por não curar direito. E eu gosto.