sexta-feira, 26 de abril de 2013

Você se imprimiu em mim como gravura.
Pés na ponta e pouca vergonha. Deixa eu te marcar, como a louca que sou. Minhas veias inflamam, deixa eu usar minha língua e os dentes, todos os dentes. A boca escancarada como ferida aberta. Põe o doce debaixo da minha língua e deixa o Hendrix foder a guitarra. Você fica com cores bonitas pra cacete, assim. Deixa eu te ver mais de perto, esse caleidoscópio todo. Eu poderia te pintar se quisesse. A impressão que fica debaixo das pálpebras, cerradas. I want it harder, make it hurt. Eu grito e danço de pés descalços. Fica ai, fica ai, tá batendo a luz da lua no teu corpo. É boa a sensação de te ter pulsando, vivo e inteiro. Me beija. Artaud é nosso deus. Vem. Toda loucura tem que ser vista. Os filhos famintos de Baco querem um banquete do caralho hoje. Eis o meu sangue, eis o meu corpo. Você cospe na minha boca e se alimenta em mim. A seiva que sai de você é doce. Brutal, brutal, suor nos lençóis, o riso louco, o riso, fumaça, fumaça e o líquido vertendo do canto da boca.
Somos os dois fodidos. E todos ao redor sabem que há algo de extraordinário nisso. Lindos. As jaquetas de couro surradas e o jeito de quem já não se importa com nada. Há algo nele de perigoso. Talvez eu tenha também. Essa maneira como ele maneja o cigarro e bebe do copo olhando pra mim. É um jogo sem regras. Ele puxa a parte de baixo do meu collant com violência e imprime seus dedos em todo pedaço de pele. A vontade de criar algo é a mesma de trepar sem parar. Vem do intestino, das pernas. Da minha vida faço sempre um ritual para Baco. Agora vem, brinda comigo, que hoje eu quero foder o universo inteiro.
Me machuca, eu quero que você me machuque aqui e agora. Nesse bar, no mesmo canto que escolhemos da última vez. Os seus dedos cheiram a Marlboro. É forte, eu gosto. Me marca. Quero suas impressões em cada pedacinho de pele, que você faz questão de descobrir, em todos os sentidos. Não importa se tem gente passando. Aperta minha coxa, me puxa pelos ossos da cintura, você sempre diz que eu sou tão branquinha, me dá um pouco de vermelho. Eu sempre gostei de um hematoma. Vai, me faz sentir alguma coisa. Coloca sua mão na minha garganta e aperta. Você sabe e eu sei que somos extremos. Esse ritual é nosso. Põe mais cerveja pra mim, acende o meu cigarro com o seu cigarro. Faz tua língua dançar na minha boca como serpente. E me enche, até transbordar, que eu quero morrer desse teu veneno.
Os dois dedos dele que entram na minha boca agora cheiram a Marlboro.
Embriagados não se sabe ao certo se por bebida ou desejo. O hálito de cerveja e cigarro é excitante. Não te quero em doses homeopáticas, meu bem. Quero te engolir em bocadas violentas. Te sorvo de uma única vez, como esse copo que você acabou de encher, entre uma tragada e outra, enquanto alisa minhas coxas.

sábado, 13 de abril de 2013

A bandeira do meu peito hasteada a meio mastro.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A morte e o cupido espreitam cônjuges desiguais.
As unhas vermelhas deixavam marcas bem delineadas nas costas do novo homem. Branco, branco. Seu presente de Dionísio. O som mais gutural e livre que sai da garganta. Não há censura no meu banquete. E estou sempre faminta.
Pink Floyd e ácido na casa amarela.
Tango lento.



Sexo violento.
O corpo dele no meu

Uma invasão consentida.
Nossos corpos combinaram como nossas profissões.
Beijo com gosto de hortelã, cerveja e um tango com os pés debaixo da mesa. Eu na ponta dos pés, bailarina, para atacar-lhe o pescoço.
Do amor na chuva, escondidos em um bar qualquer, numa travessa da Rua Augusta.