quarta-feira, 11 de julho de 2012

O saxofonista parado no meio da calçada entre os passos mecânicos de toda a gente. Tocava Moonlight Serenade, ela reconhecia pelos velhos discos de Glenn Miller que o avô adorava. De repente, mesmo com pressa feito aqueles que passavam pelo músico sem o ver – ou ouvir, como se o som fosse abafado por outros típicos de metrópoles, ela parou. Seu par, que apertava a mão dela com força, parou em seguida. Em um daqueles gestos que se fazem sem pensar, pegou na mão dele como numa valsa. Ensaiaram uns tímidos passos, abraçados. Um pra lá, um pra cá. O músico já então tocava as primeiras notas de um Tom Jobim, certamente influenciado pelos dois amantes que dançavam sem jeito nos tempos em que ninguém ousava dançar. Sob o som do instrumento ela sussurrava no ouvido dele: Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho. De frente para o saxofonista, aqueles dois pararam de seguir o andar dos outros habitantes e criaram seu ritmo próprio, como tudo que vinha deles, inspirados pelas notas soltas do músico anônimo.

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