sexta-feira, 15 de maio de 2015

Gatilho é palavra engraçada. Tiro certeiro, apertar a arma, questão de vida ou morte. Tudo é sim ou não. O talvez é só pros loucos e pras crianças. Me foi dada a chance da escolha. Pisar na linha. Automatismo psíquico. Paranoia ou mistificação?
Branco
Sinto o cheiro do branco vejo o branco sinto o branco ouço o branco
Quatro paredes acolchoadas
Ruído
Cair do precipício
É minha essa mão com caneta?
O remédio faz efeito na hora errada nada programado e a vista embaça não vejo papel. Sensação se mistura. Silêncio. Minhas unhas voltaram a quebrar e os cabelos voltaram a cair eu queria sair daqui agora e fumar mas a nicotina anda me dando ânsia. Hoje andei relendo cadernos. Não mudei nada. Não sou nada nunca serei nada não posso querer ser nada é meu mantra particular 108 vezes canto quando acordo olhando pro espelho esperando chamar todos os meus monstros interiores eu filha do carbono e do amoníaco esperando a hora certa pra enfiar a cabeça no forno que nem Sylvia Plath ou sair recolhendo pedrinhas dos lugares por onde andei e enfiar tudo em um casaco preto pra me jogar em um rio ou lago ou poça ou saliva da tua boca que nem Virginia Woolf.
Que jeito doce de morrer. Que jeito estúpido. Ninguém será tão feliz que nem nós dois.
Quando eu faço o teste de Rorschach e só vejo seu rosto, que é que eu faço depois?
Tem alguma coisa entre duas linhas paralelas, eu sei que tem, mas o que?
Uma coisa que não tem nome ainda? O amor? A solidão? A hora não passa. E eu caçando palavra como faminta, mendiga.



(exercício feito para o CLIPE - casa das rosas. Escrita ininterrupta, duração de 10 min, proposta de Fábio Weintraub.)

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