quarta-feira, 9 de março de 2011

Agora que vivi dá pra imaginar
como se fosse você que estava lá.

Agora que vivi consigo recriar
consigo imaginar e arquitetar novas ações
e é sempre do teu lado
sempre no escuro
pra que não nos notem
como se aquilo nem estivesse acontecendo
acontece e morre no mesmo instante
sem marcas.
Nada.

Pra evitar olhares
estrangeiros e próprios
sempre escuro pra fingir que não é nada
quando é tudo
longe de todos
e de nós mesmos
do que somos
quando não vivemos.
Do que somos
no de fora do que é nosso
no de fora do que somos nós dois juntos
na vida separada
quando a vida conjunta é secreta.
Longe do que a gente conhece
dos valores que defende
e eu ignoro.
Da vida que você escolheu por prazer
e eu por obrigação.
Mas somos fomos juntos
estamos.
Sem nada
a não ser umas mãos
e dois corpos
e olhos
e essa coisa que não é palpável
mas quase vejo
essa coisa que não tem nome
mas quase sinto.
Que só se mostra se os olhos mundanos estiverem fechados
só se mostra longe do habitual
só se deixármos o que somos pra trás
o que defendemos
o que fingimos ser
pra viver
e acordar
pro
amor.
Pra nós dois.

Manter os olhos fixados
só assim passamos a ser um conjunto de olhos
artérias e veias
e sangue
sangue quente
e mãos e dedos
sincronizados.

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