sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ela tinha suas estruturas sólidas, bem definidas. Ele era leve, fluido, inconstante. Tereza desde sempre sentia o peso do mundo. A incomodava sua própria mente questionadora, a mania que tinha de arquitetar planos e falas, de não saber agir naturalmente, de parecer engolir o ar quando precisava de um diálogo com ele - sem achar as palavras e os gestos que se escondiam nela. Tereza queria descobrir o mundo, mas chorava por dias inteiros por saber impossível seus modos de compreendê-lo. Não se acostumava às inconstâncias. Queria pensar simples, não podia. Queria o abstrato, não o alcançava. Era tudo muito definido e imutável, o que a deixava aborrecida. Tinha lapsos constantes onde achava que compreendia o mundo, mesmo sem compreender ela própria. O peso nos seus ombros, entendia bem, só poderia ser retirado por ele.

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