domingo, 4 de março de 2012

Seguro a minha própria mão no escuro. Não há necessidade de se fechar os olhos mas eu fecho para tornar mais real. A mão direita é sempre a tua, que acaricia e brinca com meus dedos. Esse encaixe perfeito que as nossas mãos têm. Anatomia sentimental e crônica. Nesses tempos de cólera, há o amor. Porque o amor nada mais é do que doença: mata mais, consome mais, transmite mais a loucura nas veias azuis dos nossos corpos. Deixa o corpo vivo, a mente insana e o cérebro inválido. Potencializa o que é ignorado (dizem os médicos). Não tem remédio, bula, receita, comprimido. Não segue a prescrição médica, a ata formal. E, como na peste, mata.

O amor é demônio manso, maltrata devagar, age vagaroso mas domina o organismo. Pula de célula a célula, destruindo e destituindo-a das funções vitais. Ainda que aparentemos ter vida. Não existem profilaxias e de nada adianta lavar bem as mãos, os olhos, não andar descalço, evitar contatos. O amor é facilmente transmitido sendo qualquer carta, poema, fala ou olhar mais intenso logradouro perfeito para ser contagiado.

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