sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Eu pensava que esse amor era como uma tarde fria, uma tarde quase noite. E eu sentia tanto frio. Sentia a dor da ausência. Ausência de algo que nunca tive – e nunca terei. O meu peito havia dado lugar àquela dor antiga, dor primordial.

Não sei se esse amor ainda é a tarde fria. Pensando agora, ele tem algo de manhã cedo. Possui um pouco do início. Amor meio que bruto, entende? Amor sem ser lapidado. Amor na sua forma mais simples e pura. É um amor limpo, claro, bonito até. Um amor para se abrir todas as janelas, um amor que precisa de sol e toma a casa toda. Criando raízes e crescendo, sem suspeitar. E eu quero que cresça, eu preciso que cresça.
É desse amor de manhã que me alimento. E é nesse amor de tarde fria que encontro o que preciso para poder fechar os olhos.

Os meus olhos ardem. De tanto olhar a luz. Ou de tanto procurar por ela. Já não sei em que situação me encontro. Já não sei se eu procuro o teu calor à noite ou se estou por demais dentro dele.
Não sei se sou capaz de te ver de verdade ou se já estou naquela fase onde só sou capaz de ver o que quero. Você sabe, quando se sente isso, perdemos essa capacidade de ver a pessoa como ela é. E eu não sei se eu te imagino assim, se eu te quero assim, se te vejo por máscaras ou se o que vejo é o real.

Eu me coloco no lugar deles. E quando for eu que estiver dizendo adeus? Sei que meu adeus não será em voz alta. Será um adeus tímido, um adeus que não encontrará palavras para ser dito e, por isso mesmo, irá doer bem mais. Um adeus para dentro? Você certamente terá algo para me dizer. Alguma palavra reconfortante como “continuaremos amigos”, ligações que não existirão, encontros que não serão reais. E eu sei que permanecerei quieta. Haverá muito para ser dito mas faltarão forças. Já que meu interior estará repleto de medo – como esse que agora me invade.

Essa semente de amor cresceu. Acho que vou ter de abrir as janelas, o amor precisa de sol. Assim como eu que me alimento do calor, do frio, da saudade. Deixe- o crescer, até quando der, até quando eu aguentar. Pois o amor precisa de espaço, uma grande área, bonita e clara, para ser livre, para crescer em sua forma mais bonita. E não sei se meu coração é digno e claro e bonito o bastante para isso.

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