sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eu não sinto saudades de ninguém. Só sinto saudades do que fui. Mas acho que nem isso.
O que eu queria dizer mesmo é que eu não sinto saudades de você. Se eu falar muito vira verdade? Eu não sinto saudades de você eu não sinto saudades eu sinto muitas saudades...

Vou dizer para o espelho com a cara e a coragem. Vou dizer para o espelho com toda a delicadeza, como se você estivesse realmente escutando: eu não sinto mais saudades. Não sinto falta desses teus olhos – e já que estou dizendo, nunca gostei deles. Os acho por demais observadores e até por demais pequenos. Não sinto falta do som do teu riso - posso até dizer que ele me incomoda. E o que dizer dos teus lábios? Por que raios eles estão sempre tão vermelhos? Até tua cor me irrita. Sempre tão saudável e tão certo. Não sinto falta desse teu andar silencioso, teus passos de quem já não espera nada – logo pra mim, que espero tudo. Odeio esse seu caminhar lento. Odeio teus discos não suporto teus livros e nunca gostei das tuas carícias. É tudo tão insuportável e mentiroso que nem sei como consegui segurar isso por tanto tempo, mentir assim por um período tão longo. Quero mesmo é falar assim que eu também só te enganei e rir da tua cara e te abandonar sem me deixar abalar pelos teus dons e teus olhos de bandido. Quero é arranhar teu rosto, te cuspir na cara, te deixar pra baixo.




...Queria era dizer com convicção. Queria era conseguir te convencer de que é verdade. E me convencer disso também.

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