quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quando vem a noite é sempre assim, tudo é sempre igual...
A noite é meu tormento
E tudo passa rápido, as horas, as horas, não são nada
Eu fico assim tão só andando sem rumo
enquanto os vizinhos acordam
e sempre há aqueles que fumam
e as luzes que acendem e apagam
e a fumaça do cigarro que vem
então eu lembro que você, oh, você também fuma...
Fico assim pensando na fumaça, no cheiro dela, eu nunca gostei de cheiro de cigarro eu penso eu acho que hoje, agora, até que gosto. É uma coisa assim que me vem enquanto eu escuto música, ou às vezes só o barulho dos carros. Mas quando é muito tarde não passa carro algum, nem pessoa alguma e a rua fica assim quietinha como um cemitério. Então tento ler alguma coisa, algum poema, coisa assim qualquer mas não consigo, tento rezar, vou à varanda, tento ver TV, procuro algum filme, mas nada adianta. Quando o coração está inquieto assim, o melhor a fazer é deixá-lo. O coração tem leis próprias.

Então me vem uma coisa, essa coisa que ataca o coração e passa por todas as células, me deixa inquieta assim como ele. E eu não paro de pensar, eu não paro, e é sempre à noite, sempre escuro, sempre quando vem o silêncio da casa, o silêncio do mundo inteiro e parece que só eu estou acordada, só eu, já que tudo parece apagado e só há a luz das ruas e postes, nas casas todos parecem dormir e eu ando, eu ando pela casa, eu inquieta, eu com passos que não fazem barulho e com a mente que não para. Não consigo me desligar. Vejo o relógio: quatro horas. Daqui a pouco todos acordam, todos, daqui a pouco, e eu ainda estou aqui a pensar em algo, mas acho que não pensei em nada... nada concreto. Eu penso penso penso e só me canso. Eu penso e só me causo dor. Só porque algo (não eu) teima dentro de mim em pensar em você. Em você e seu maldito cigarro que o vizinho faz questão de acender pra me lembrar. Em você e suas malditas músicas que, masoquista que sou, coloco pra tocar. Em você e tudo que tem de maldito e sagrado.

Um comentário:

  1. Começamos 2011 bem! Mas eu me pergunto, o que será de você com 30 anos, quando bate o desespero fisiológico de toda mulher, se com 16 você já está assim...

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