quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mas ainda é tão cedo, não são nem 20h e já estou em um estado deplorável. Coloquei as músicas, selecionadas a dedo. Todas todas todas fazem tua cara surgir na minha frente e às vezes a sensação é tão forte e real que juro que estendo os braços pra frente, escrava eterna, pra conseguir seguir o contorno desse teu corpo que eu nunca tive por mais de segundos, numa esperança de conhecê-lo melhor. Chico Buarque canta que apesar de você amanhã vai ser outro dia. É mentira (…)

Apesar de você, não. Não tem dia, não tem amanhã, não tem outro. É essa a palavra: outro. Não tem...

Mas é ainda tão cedo, não é nem dia dez e já estou em angústia, largada no tapete do quarto. Pelo menos não me doem as costas. (Eu não me importaria, se doesse.) Já ando em frangalhos, o cabelo desgrenhado, maquiagem borrada de choro. Coloco a música mais alto pra disfarçar os soluços. De nada adianta, quando eu sei o que se passa. (E só eu, às vezes é a certeza que tenho. Na maioria das vezes, nem isso.)


Ai, como eu te amo... esse laço no meu dedo, a fitinha colorida e trivial, acho que você não percebe, acho que você se finge Édipo, eu sempre procurando referências, eu sempre procurando afinidades ou as criando, porque é sempre a proximidade que anseio com a ponta dos dedos. Você não percebe, você não vê, a fita rosa feito nó que machuca, de tão apertado. Labareda em minha carne. Labareda em minha carne. (…)

Sou toda artérias. Sou a matéria transfeita, pedaços do coração. Sou todos os livros, os artigos, as músicas, os poemas, apelidos e toques trocados, miudinhos e escondidos, por isso mesmo mais intensos.

Euforia extremista, disforia velada? Talvez o amor seja a busca de acontecimentos. E só ele. E mais nada.


Diálogos invisíveis.





Não é nada.

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