segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Me encontro acamada. Nesse domingo chuvoso a única coisa que quero é escrever versos.

De xícara em xícara, consumo cafés com avidez enquanto procuro em páginas de livros amarelados a solução para todos os problemas. No meu caso, do amor.
Penso em cortar o cabelo. Uma mudança no por fora quase sempre vem acompanhada de uma mudança no por dentro. Não é real, a mudança. Mas alimenta a ideia. Ideias alimentadas valem mais do que a parte real delas.

Penso em jogar fora os papeis de meu quarto, as miudezas guardadas em caixas. Mas de nada adianta a limpeza quando eu mesma não posso me jogar pra ser recolhida ou reaproveitada.

Além do mais, a falta de ar nos pulmões me impede. Sempre que fico doente me vem os versos de Augusto dos Anjos: Profundíssimamente hipocondríaco...

Porque eu também sou filha do carbono e do amoníaco. Porque eu também, ao longo dos anos, me transformei em monstro de escuridão e rutilância.

Essa mania de querer ver poética no feio e no sujo. Essa mania de achar que posso transformar o cinzento dos meus dias com as palavras rebuscadas e a quebra da ordem canônica. Mas foi assim que joguei pão aos pombos, alimentei esperanças, me acreditei limpa, e melhor.

E foi com a falsa certeza do que eu era que ele me veio.

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