segunda-feira, 7 de abril de 2014

Da vontade de escrever no meio de um exercício de respiração: Necessidade primária. Quanto mais eu puxo o ar mais sinto como se não conseguisse o suficiente. Vai ver é porque estou sempre acostumada com tão pouco que quando me pedem pra respirar o universo, eu não sei como lidar.

Sensação de peixe que escancara a boca fora do seu ambiente natural e não sabe mais como se vive. Dor no peito e incômodo. Costelas sobem e me apertam como se quisessem furar minha carne e sair.
Engraçado que a calmaria vem da respiração em nível médio. A respiração, quando lenta e pontual, me dá desespero. Já se ofego, a mente esvazia mas os olhos ficam inquietos com imagens fragmentadas e destruídas e o ritmo do bombear no peito não me deixa um sentimento bom. Posso ver o coração batendo pela camiseta, quase como consigo ver a cor vermelha. Sinestésico demais. Beira a loucura. Eu me sei viva. Percebo o movimento que sai de algum ponto pra chegar a um outro. As veias do pescoço inflam.
Ficar muito tempo respirando devagar me dá tontura. Há alguém que fique em completa pausa? Assim, tudo em suspensão: Sem engolir saliva, sem mexer a língua contra os dentes?

Fiquei contando os batimentos cardíacos até perder a conta. Não fui longe. O corpo todo parece respeitar o respiro. Não se veem olhos aflitos numa respiração digna de um yogi. Piscar mantém estreita relação com o quanto de ar você inala/ solta.

Quantas vezes eu pisco? E por que se eu pensar sobre isso não acontece? Quando criança, eu sempre chegava ao fim do dia com a pergunta: quando tal evento aconteceu hoje, eu pisquei? Esqueci de pensar em piscar e meu olho piscou por mim? - Até hoje eu não sei a resposta. E me vejo roendo unha tentando lembrar se pisquei ou não. (As pessoas com olho de vidro também piscam? E o movimento involuntário nos olhos dos cegos? Mesmo o mais vazio dos olhos precisa de lubrificação.)

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