sexta-feira, 10 de abril de 2009

As Quatro Palavras.

Quatro palavras, quatro palavras soltas, desconexas. É o que é preciso para destruir a vida de alguém. O conceito de que as palavras têm poder me eram desconhecidos, até hoje. Quatro palavras podem fazer sorrir, fazer chorar, colocar medo, aliviar. No meu caso, essas quatro palavras simples serviram para acabar com uma amizade. Amizade essa que eu estava tentando cultivar por dois anos inteiros. Não sei se você, caro leitor, sabe a sensação de conhecer alguém fantástico, interessante e pensar “Deus, preciso conhecê-la!”. Pois bem, conheci certa vez uma pessoa assim. E eu sabia que não poderíamos ser amigos, amigos próximos. Seríamos no máximo conhecidos. Estava tudo bem pra mim se fosse desse jeito, afinal, de que outro jeito haveria de ser? Pois assim se sucedeu. A conheci e quis de todo jeito mostrar meus gostos, minhas idéias, meu modo de pensar. Quis que ela me conhecesse melhor, quis ver se tínhamos gostos em comum – E tínhamos alguns, para minha surpresa. Eu nunca levei muito jeito pra cultivar amizades ou até mesmo manter um diálogo sem este tornar-se monótono, mas estava me esforçando e tentando o melhor. Algumas vezes conversava com essa pessoa sobre coisas bobas, besteiras do cotidiano, nada muito importante. Outra vezes falávamos de música, de artes. Não passava disso, mas bastava para deixar-me feliz e satisfeita comigo mesma. Muitas perguntas e diálogos que gostaria de ter não saiam, permaneciam então só pra mim, sem sair da boca para fora – sem ter forças para tal. Mesmo assim, eu estava indo. Achei que tinha feito algum progresso enfim. A amizade estaria surgindo ali? Nem tive tempo de saborear direito. Como tudo nessa minha vida, foi arrancado de mim sem que eu pudesse aproveitar, sem que eu tivesse o gostinho da felicidade batendo à porta. E o que mais me deixou sem entender, o que mais me assustou foi que isso me foi arrancado com apenas quatro palavras. Sim leitor, quatro palavrinhas serviram para arruinar uma amizade inteira. Até agora não consigo acreditar. A pessoa que as proferiu nem arrependida está, devo dizer que até acha certa graça nisso tudo. Pois eu não vejo graça alguma. Já tentei lhe explicar, tentei lhe pedir para que ao menos arrumasse o erro que fez, não me ouviu. Se me ouviu, fingiu não fazê-lo. Pensei até em explicar a essa pessoa querida a verdade. Sei que iria falhar ao tentar. As palavras ficam guardadas logo quando eu mais preciso delas! Elas teimam em não sair, não acham forças que as empurrem para fora e, amuadas, nem se movem do lugar de origem. Tudo o que faço é chorar. Pois sou dessas pessoas que choram por tudo, sou dessas que choram pelas pessoas queridas, pelas coisas. É meu jeito de lidar com os problemas, as perdas, a raiva. Chorar. É meio vergonhoso às vezes, quando se chora na frente dos outros. Certas vezes não consigo controlar, as lágrimas saem involuntariamente, por vontade própria, diferente das palavras. Quando dou por mim, já estou a chorar, as lágrimas pequeninas rolando pelas faces... Vergonhoso. Pois não sei o que farei na minha situação atual... Preciso de tempo, tempo pra pensar em todos os aspectos, em todas as coisas. Tempo pra ficar sozinha, ter um tempo só pra mim. Às vezes a vida é tão fácil, porém certas vezes ela é tão difícil e incompreensível...
Queria eu deixar que as águas me levassem, levassem para qualquer lugar. Não posso me dar a esse luxo. Tenho certeza de que, com minha sina, as águas me levariam a um caminho de tristeza e solidão, tamanha a sorte que possuo. O que me resta é nadar contra essa correnteza que me força, me puxa para baixo. Quem vencerá a batalha?

Nenhum comentário:

Postar um comentário