domingo, 5 de dezembro de 2010

Sêneca

Eu que era tão boba,
Eu sempre tão apaixonada
Acabei colocando uma máscara
Só pra te agradar
E já virou parte integrante de mim.
Já não sei como é viver sem ela.
Vivo sob esse disfarce, por tentar te seguir.
Finjo ser artista, escritora, romântica.
Mil pessoas em uma só pessoa.
Minhas mentiras de cotidiano viraram verdades
E eu me tornei o que a máscara previa.

Você também usa tantos disfarces
Que nem sei se conheci o verdadeiro.
E nem sei se o que me conta, um dia, aconteceu.
Tantos em um só que até me perco
E corro o risco de nunca mais me achar.
Enigma da minha juventude
Herói e Bandido do meu tempo
Até teus olhos parecem mentir!
Ai, se eu fosse capaz de retirar as máscaras...

Vivo tão aprisionada dentro de mim mesma!
Eu queria mas não posso lhe dizer
Nem a metade do que sinto.
Preciso permanecer assim, distante.
Você também precisa ficar.
Ao alcance dos dedos, longe do coração...
Para que nada aconteça
Porque não pode acontecer.

Eu precisava, eu precisava lhe dizer
Mas a mentira, se acabar, só trará dor
Para ambos os lados.
E eu corro o risco de nunca mais me recuperar
Ou me achar de novo.
Mesmo que nós dois usemos máscaras
já aprendemos a nos conhecer assim.
No fundo, eu sei que você mente
No fundo, você também sabe que minto
Mas minha verdade é mais fácil de ser encontrada:
só olhar nos meus olhos, só ver meu sorriso diário.
Em você, não há como.
Eu busco, busco, busco e não sei se acho traços do real.
Teus olhos guardam encantos...

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