terça-feira, 21 de agosto de 2012

A mão direita, a mão direita. Ela sabia que a devia cortar e jogar fora. O fez. A passagem da bíblia veio como epifania. Não queria o corpo todo no inferno. Sobraram-lhe as marcas na outra mão como chagas de um Cristo. Carregava sua coroa de espinhos com glória. Era rainha e, ele, seu rei.
Os olhos que são bons têm luz. Ela encontrou a luz do seu próprio. Era luz de chama mas brilhava e a fazia um ser humano bonito.

Três fogueiras servem como sinal universal de pedido. Sabia que era o primeiro e o último que receberia. De maneira alguma quis que as três fogueiras continuassem acesas. Correu ao encontro, explodiu com nitroglicerina as velhas celas. E riu. As chamas continuaram queimando. Não mais pedido de socorro, mas plano completo. O fogo comeu o passado e destruiu as cruzes, as masmorras, os arquivos. Nem o pó ou a ruína sobraram da Bastilha para entrar pra história.

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