segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um sim...

Declarou-se para ela nas férias. Não foi pessoalmente, mandou-lhe uma carta. Escreveu-lhe tudo o que sempre quis dizer... e não conseguia. Colocou ali seus pensamentos, seus sonhos e desejos que ela nunca nem imaginara. Disse que a amava, que era a primeira - e se quisesse, seria a única de toda sua vida.

Deixou o pequeno papel embalado por um envelope branco debaixo da porta dela. Sentiu medo, sentiu o coração batendo de adrenalina. Por minutos pensou em pedir a carta de volta. Não esperou a menina abrir a porta e vê-lo ali. Saiu correndo.

Longe dali, parou por alguns minutos. Ai! Esse coração que teima em bater! Teima em deixar-nos sem ar, sem forças!

Sentiu as pernas bambas e sentou-se ali mesmo, na calçada. Respirando por alguns instantes até ter o fôlego necessário para voltar pra casa. Talvez nem voltasse, queria perambular sem rumo, imaginando o rumo que sua vida iria tomar. Um sim com certeza mudaria sua vida. Um sim... e não é isso que todos queremos? Sim

Em todas as situações. Desde pequenos ansiamos essa palavra. Queremos a aceitação, as afirmações, os tantos “Sims” que existem por aí. Não queremos ser privados de nada... Com um sim, um leque de possibilidades se abre, se expande.

Esperou ansiosamente pela resposta dela. Por vezes pensava que não queria sabê-la, porém a vontade de receber aquele “sim” era maior e o tomava inteiro. O medo da rejeição estava presente, claro que estava, mas preferia pensar em coisas positivas.

Afinal, estava de férias. Era a época perfeita para uma declaração de amor. Não iria vê-la na escola e não teria de encará-la frente a frente para ouvir sua resposta.

É, foi melhor desse jeito. Olhando para seu rosto não saberia o que dizer. Nunca soube. Sempre que a olhava perdia o rumo e os objetivos. Era muito bom com palavras, sabia disso. Escrevia poemas e histórias inteiras, todas elas com começo, meio e fim. Decidiu tirar proveito da situação, usar o dom em seu favor. Começou a escrever então o começo de sua história: a declaração para ela. Sabia o começo, talvez o meio. O fim? Esse não tinha como. Dependia só dela. As decisões estavam naquelas mãos e só a elas cabiam o fim da história, e o começo de uma ainda maior. Era como um ciclo. Uma vida inteira junto dela, a menina que amava, toda uma história construída...ou não.

E só de pensar que poderia dar certo. Pensar que os dois ficariam juntos, acordariam juntos, dormiriam juntos, chorariam juntos.. deu-lhe uma alegria tão grande, uma paz de espírito tão suprema que todos ao vê-lo compartilhariam da mesma paixão que ele, acreditariam – junto dele - no amor.

Ali onde estava, só pensava nela. Ela, a mulher de sua vida e dona de seu destino.

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