domingo, 2 de setembro de 2012

Não me deixe a loucura, Marco Antônio. Não me permita criar o vazio. Não me deixe entrar no desespero de não ser nada. Eu sou o que você cria e alega. Eu existo onde você me toca. Sozinha, caio no abismo de mim mesma e o buraco que criei por tantos anos me engole. Tenho medo das quatro paredes, do branco, do pó. Não me deixe acabar como Claudel. Eu não sei de mim, me desconheço. Sou o que você me dá. Sei do que você me deu nome. Marco Antônio, ninguém nunca ousou abrir a porta. Ninguém nunca ousou escancarar minha boca, lamber minhas chagas, beijar meus pecados, sem pedras nas mãos. Eu existo porque você existe. E não sei o que faço na maioria das vezes, quando me vejo sozinha.

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