domingo, 13 de fevereiro de 2011

No último segundo do último encontro do último amor, entregou-lhe um papel. Pensou em cantar mas não achou voz onde sempre achava. Não havia o estímulo. Era cantar com medo e a voz mal saía. Queria cantar porque sabia que em algum lugar ela tinha a força. Mas onde? Não encontrou a voz no tempo certo e não havia nada que a encorajasse a cantar.

E como não achasse voz para nada, simplesmente mandou que escutasse a música assim que chegasse em casa, em um tom que nunca havia usado e soou estranho em seus ouvidos: o de mandar.

É preciso, é preciso que você escute, não diga nada agora, só me deixe falar. É preciso que você escute e entenda bem algo que acho que você sempre entendeu mas não sei se do meu jeito, do jeito que eu esperava ou imaginava. Escute na solidão e ouça a voz como se minha fosse – no fundo é e você saberá. Eu já não acho palavras e tomo as de outros, eu já não sei o que falo pra você mas sobre isso você estava certo. Você sempre esteve certo. Você sempre vai estar certo. É você, sempre.

Papel rasgado, retirado do que lhe era cotidiano. Letras garrafais em azul pediam: Onde você estiver não se esqueça de mim.

Ele ouviu?

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