Aprendi a atravessar dezembros, setembros, janeiros.
Sempre só, como um vagão sem passageiros.
Eu ia me entregando a sorte
Rumo ao sul ou ao norte
Ia para onde a vida me levasse.
Fumava um cigarro, sem pressa
A solidão como companheira, velha conhecida
Minha alma não mais se expressa
Há tempos que foi esquecida.
E se chover, ficarei só
Com meus pensamentos banais.
Naquele quarto de hotel que era nosso e
Não voltará a ser jamais.
Tomo um drinque, pra me esquecer
E me jogar nos braços de um homem
Em uma rua qualquer, me perder
Enquanto as boas mulheres dormem.
Mas eu nunca fui certinha, eu sei
Sempre fui a que no mundo anda perdida.
Foi por amar demais – pensei-
Foi por amar demais que acabei ferida.
Conhaque, licor, qualquer coisa
Que umedeça meus lábios a tanto ressecados
Pois eu sei que o coração permanecerá seco
Depois de tantos amores chorados
E ouço aquelas mulheres, perdidas
Com as vozes roucas, cantando vidas em vão
Que se entregaram por completo
E morreram em completa solidão.
Bebo um drinque e depois
Me entrego a qualquer um que jure um amor eterno, sem fim
Mesmo que o eterno dure um dia ou dois
E que ele vá embora, sem mim.
Assim atravessei meses inteiros
Fevereiro, Maio, Agosto
E tive amores passageiros
Com pessoas que nem lembro o rosto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário