domingo, 18 de outubro de 2009

Outra vez

Não sei o que acontece. Não estou doente. Não tenho febre, não tenho nenhum sintoma que indique que tenho alguma coisa. Mas então por que estou agindo de modo tão estranho?

Eu acho que sei a resposta. Acho que sei mas tenho medo de falar. É como quando se tem uma paixão e, por mais que esteja na cara e todos saibam, você não afirma.
Mas não há mais o que fazer, já me corroeu inteiramente. Essa doença que não é no corpo, na mente, no coração. Essa doença – se é que posso chamá-la assim – que surgiu de repente.

A minha doença não está em nenhum desses lugares. E não há cura, eu sei.
É ruim tê-la. É horrível. Mas se só afeta a mim, não me importo. Já deve estar a tempo demais no meu sistema, não há como tirá-la assim. Já deve ter se infiltrado em lugares que nem imagino.
Só não quero que isso vá para os outros que amo. Mas, de alguma forma sinto que está indo. E não posso aguentar isso. Essa doença é algo meu, não posso compartilhar.

Pois já disse que não posso curar. Como cuidar de alguma coisa que já corroeu a alma completamente? Sim, a alma. É aí que minha doença está. E começou a atingir as pessoas ao meu redor. Por isso, acho melhor me isolar. Parece que sempre falta alguma coisa e isso me deixa inquieta. Eu quero achar essa coisa que falta mesmo sabendo que ela não está nas ruas ou em outra pessoa: está em mim mesma. Só que sou um labirinto, indecifrável. Nem eu mesma me conheço realmente, não sei qual é meu limite. Até onde aguento isso?

Não sinto mais nada. Cara, logo eu. Eu que preciso estar sempre sentindo alguma coisa. Algum amor, algum ódio, algum arrependimento.

Preciso me encontrar. Já tentei tudo. Conversas, novas pessoas, cursos, festas, tudo. E fico feliz por algumas horas – ou pelo menos penso que sinto felicidade. Depois vem de novo aquele sentimento de coisa ausente. Aquela droga de sentimento que me faz querer chorar, desabar no chão, pedir um carinho. Os olhos em brasa, ácido agindo dentro de mim me corroendo, acabando, destruindo.

Eu só quero uma pausa...mas não posso exigir. Eu quero outra coisa... só não sei exatamente onde essa coisa está. No dia que souber, me jogo nisso com tudo. Pelo menos, com tudo o que me resta.

Eu quero, eu preciso de outra coisa. Andar sem rumo por ai, conhecendo tudo, provando qualquer coisa. Quem sabe assim o gosto volta. Quero me sentir viva, como a muito não me sinto. Porque, nesses últimos meses, não estou sendo a protagonista da minha própria vida.

O que foi que eu me tornei? O que eu deixei pra trás?

Eu quero ser capaz de sentir. De novo.

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