segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Gotas

Aquelas luzes machucam meus olhos
Pois tudo em mim parece frágil
Linha tênue, esperando pra quebrar.

Os trovões doem. Aparecem roxos, fortes, frios e vão de encontro aos meus olhos que são fracos demais, desacostumados demais, meus demais.

O barulho da chuva me irrita, me causa pavor. Som eterno, imutável, água indo de encontro ao vidro frio da janela. Amantes que só se encontram em dias de chuva. Gotas descendo, sinuosas, pelo vidro.

E eu, de dentro, só observo, alheia a tudo. Não sou parte da chuva, estou seca aqui, protegida. Pensando assim, não sou parte de nada. Vejo as coisas, alheia, coadjuvante. O personagem principal da minha vida é outro alguém que não eu. E sei que não sou o personagem principal na vida de ninguém. A chuva aumenta. Trovões. E os clarões voltam a rodopiar por meus olhos cansados. As lágrimas rolam e caem como as gotas da chuva na janela da sala.

Mas a chuva é o encontro dos amantes. Minhas gotas são de solidão. E, de pouco em pouco, o céu para de chorar. Já mataram a saudade – eu penso. E os clarões me deixam em paz. Só meus olhos que teimam em expulsar as gotas sem parceiros-vidros. Gotas solitárias, gotas-eu.

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